Corriam as primeiras horas do mês de abril de 1964. Os elementos golpistas do Brasil, dirigidos e apoiados pela governo norte-americano e encabeçados pelo marechal Castelo Branco e o fascista Carlos Lacerda, consumavam o golpe de Estado contra o governo constitucional de João Goulart. A repressão da direita foi desatada com muita violência. Os cárceres da Guanabara começaram a se encher de presos. Em Recife, Gregório Bezerra, um dos mais conhecidos líderes comunistas do país, foi arrastado pelas ruas amarrado em uma corda. O pânico se generalizou frente ao terror desencadeado e pela absoluta falta de resistência das esquerdas ao golpe: haviam confiado tudo na pessoa e na atuação de Goulart.
Nesses momentos alguns homens viram com inteira claridade o único caminho a seguir: enfrentar a reação golpista. Entre eles e de forma muito especial, se destacou Carlos Marighella, dirigente comunista de prestígio. À frente do povo concentrado na Praça da Cinelândia no Rio de Janeiro, tentou atacar o Clube Militar e o Clube de Oficiais da Marinha, reduto de toda a oficialidade golpista do país. Mas os paus, pedras e garrafas pouco puderam diante do imponente fogo de metralhadoras e carabinas. Após uma insistência quase suicida, o povo começou a se dispersar. Marighella, com alguns poucos homens na praça, tratou ainda de tentar o impossível. As testemunhas daquele momento recordam como Marighella teve quase que ser arrastado do lugar por outros companheiros. Horas mais tarde, procurava infrutiferamente obter a cooperação de oficiais que até aquele momento eram considerados como leais, pessoas de esquerda.
Poucos dias depois, no bairro carioca da Tijuca, um homem entrava em um cinema à procura de um contato clandestino. Repentinamente as luzes se acenderam e um grupo de policiais se jogou sobre ele. Resistiu tenazmente durante vários minutos, conseguindo alcançar a rua. Vendo que não poderiam o dominar dispararam contra ele, várias vezes. Carlos Marighella caiu gravemente ferido. Sobreviveu graças à sua forte constituição física.
O exemplo de Marighella produziu um profundo impacto, era uma voz que resistia, alguém que convocava o povo, com seu exemplo pessoal, para combater os usurpadores, contra os que dia a dia tem continuado o longo processo de alienação da soberania nacional e entrega das riquezas do país, esmagando o crescente movimento popular para realizar o que definiu o então chanceler Juracy Magalhães: “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”.
Desde muito jovem, Carlos Marighella se destacou nas lutas estudantis de sua época. Sua combatividade o levou então a ingressar no Partido Comunista Brasileiro, onde chegou a integrar a Comissão Executiva. Os longos anos de repressão, de encarceramento, a análise correta da situação brasileira e da política imperante no continente, e muito particularmente no país, levaram-no ao convencimento de que apenas um processo violento de luta revolucionária seria capaz de contribuir com a única solução para a explosiva situação do Brasil. Os acontecimentos que conduziram a renúncia de Jânio Quadros reafirmaram sua interpretação. A derrota de Goulart foi a confirmação definitiva.
Depois de longos meses de convalescência e encarceramento, consegue a liberdade e vai para clandestinidade que impõem o regime golpista. Eleito pelos comunistas do estratégico estado de São Paulo para ser seu Secretário Geral, renuncia ao seu cargo na Comissão Executiva e se lança na realização de um árduo e difícil trabalho revolucionário, encaminhando as formas e métodos de luta mais adequados ao caso brasileiro: a luta armada revolucionária.
Marighella analisou profundamente a realidade brasileira. Seus ensaios “Porque resisti a prisão?” e “A crise brasileira” traçam um quadro real da situação do país, criticam a política de conciliação com burguesia e defendem a necessidade de desenvolver a luta guerrilheira no país. Marighella figura hoje, ao lado de poucos líderes brasileiros, que estão situados na perspectiva correta da luta revolucionária na América Latina e que tem demonstrado sua determinação para combater até alcançar a vitória.
Ao visitar Cuba, para assistir a Conferência da OLAS, proclamou a necessidade histórica da luta armada como único instrumento para derrotar a tirania no Brasil e instaurar um governo que represente as forças populares.
Em 30 de outubro de 1967, o órgão oficial do Partido Comunista Francês, L’Humanité, publicou um artigo enviado do Rio de Janeiro, onde advertiam que foram formalmente expulsos do Partido Comunista Brasileiro, Carlos Marighella e Jover Telles, ambos membros do Comitê Central.
Sobre o caminho que deve seguir o povo brasileiro para alcançar sua verdadeira libertação, Marighella apontou: “O caminho da revolução no Brasil não deve ser outro que não seja o caminho armado. Desde que os Estados Unidos dispõem do Brasil como uma base de operações, fato que se fez concreto especialmente depois do golpe de Estado de 1964, se esgotaram todas as possibilidades de um caminho pacífico para a revolução.
Se esse caminho fosse possível, teríamos que admitir que o imperialismo perdeu sua agressividade e seu caráter belicoso, ao ponto de aceitar as decisões eleitorais de um povo desprovido de forças armadas revolucionárias e apenas armado com seu direito ao voto.
As condições de opressão existentes no Brasil e as necessidade impostas pelo imperialismo por sua estratégia global de dominação dos povos, levarão inevitavelmente para um resultado armado da revolução. Esse resultado depende do caminho da luta guerrilheira, única maneira nas condições atuais, de elevar a consciência revolucionária e preparar as condições para a tomada do poder pelo povo.”
Sobre o papel do campesinato, a classe operária e os estudantes no processo revolucionário brasileiro, Marighella assinalou: “O camponês é o aliado fundamental do proletariado. É o fiel da balança da revolução brasileira. A grande tragédia da revolução brasileira é a falta de apoio do campesinato, consequência da falta de trabalho político no campo.
Desencadeando a guerrilha na área rural brasileira será possível cobrir essa falta, que sistematicamente nos leva a derrota do movimento revolucionário. O campesinato será chamado assim à luta política e sua aparição no cenário revolucionário abrirá a perspectiva para a tomada do poder pela violência revolucionária das massas. O papel do proletariado urbano e rural é de unir-se e buscar a aliança armada com os camponeses. Isto quer dizer que o proletariado urbano brasileiro deve passar da luta econômica à luta política, incentivando a luta no campo e participando dela por todos os meios.
O proletariado rural é o elo entre o proletariado urbano e o campesinato. Esta é a saída para a aliança operária-camponesa, que no Brasil deve transformar-se em aliança armada. Isto quer dizer que o trabalho com o proletariado urbano e rural deve ser dirigido fundamentalmente para apoiar a luta de guerrilhas e fortalecê-la em qualquer circunstância. O papel dos estudantes é, em última análise, o de participar na luta com os operários e camponeses. O objetivo da união dos estudantes com os operários e camponeses é de criar um núcleo de combatentes revolucionários, que seja o embrião de um Exército de Libertação e abra o caminho para a tomada do poder.”
Referindo-se a fórmula mais efetiva para expressar a solidariedade com os movimentos de libertação, disse: “Entre os caminhos mais eficientes está o desencadeamento da luta armada nos países submetidos ao imperialismo e onde o movimento revolucionário ainda não se decidiu a lutar de armas na mão. O povo brasileiro, por exemplo, daria uma solidariedade efetiva ao Vietnã e aos outras povos dos três continentes se lançando desde agora na luta guerrilheira. É nesse sentido que trabalham os revolucionários brasileiros.”
Em relação ao apoio que devem exercer os países libertados aos que ainda permanecem sob o jugo da exploração imperialista, Marighella demarcou que: “Os países que já foram libertados, o fizeram somente através da luta armada. Nenhum deles o fez por via pacífica. Seria inadmissível que estes países renunciassem agora a reconhecer o direito dos outros povos latino-americanos em utilizar o recurso da luta armada. Os países libertados devem, portanto, ajudar aos que ainda não se libertaram, a fazer pelos mesmos meios, ou seja, pela luta armada.
Esse é o processo latino-americano, onde os países libertados estarão sempre sob a ameaça da agressão armada dos Estados Unidos. Nessas condições, os não libertados deverão recorrer às armas, enquanto os libertados se verão na obrigação de apoiá-los para que o imperialismo seja destruído em toda América Latina.”
Ao falar das correntes reformistas no Brasil, o dirigente comunista brasileiro pontuou: “As correntes ideológicas do reformismo no Brasil exercem um papel de esfriamento da luta de libertação. As correntes ideológicas do reformismo são o principal ponto de apoio da burguesia e do imperialismo em nosso país e contribuem para transformar o Brasil em uma espécie de peão utilizado pelos Estados Unidos na repressão do movimento de libertação dos outros povos da América Latina. Isso significa o seguinte, que o reformismo prega a submissão ideológica, estratégica e tática do proletariado à burguesia, com isso facilita a tarefa da burguesia e do imperialismo para enganar as massas.
O resultado é o adiamento permanente e a continuação da exploração e dominação do imperialismo. A burguesia, neste caso, fica livre das consequências internas da revolução e tem todas as condições para lançar suas forças militares, com apoio dos Estados Unidos, na agressão aos povos que lutam com armas na mão.”
Sobre as relações que mantêm o regime brasileiro de Costa e Silva com a ditadura de Salazar, Carlos Marighella expressou: “Depois do golpe de abril, quando as riquezas do país passaram totalmente ao controle dos Estados Unidos, a política externa de Costa e Silva é mais acentuadamente em prol dos interesses imperialistas norte-americanos e nesse sentido destaca-se a questão do apoio do governo brasileiro ao governo de Salazar. O governo de Salazar, com o seu comportamento colonialista e brutal, separado dos povos de suas colônias, procurou tradicionalmente o apoio do governo brasileiro. Em geral, os governos brasileiros apoiaram o governo salazarista de Portugal, e agora com a ditadura e o governo de Costa e Silva, pode-se observar muito mais claramente seu comportamento: não esconde como apoia e respalda a ditadura salazarista. E é preciso lembrar que o imperialismo tem um plano global contra a liberdade dos povos; dirigindo-se não somente contra os povos da América Latina, mas também contra os povos da Ásia e da África, que são povos que lutam, muitos deles de armas na mão, como é o caso dos povos de Angola e Moçambique.
Nas colônias portuguesas os povos lutam contra a ditadura salazarista, lutam por sua libertação com armas na mão, e o imperialismo norte-americano não tem nenhum interesse que esta luta se desenvolva. Seguro e na certeza de sua posição de mando, ao controlar as riquezas de um país como o Brasil, que por suas condições históricas tradicionais mantém relações com Portugal, os imperialistas yanques vão fazer tudo possível para que Brasil e Portugal sejam a cada dia melhores aliados, para o governo ditatorial de Costa e Silva e o governo ditatorial de Salazar estejam cada vez mais unidos para conduzir a repressão aos movimentos de libertação de Angola, Bissau e as outras colônias portuguesas.
O governo brasileiro de Costa e Silva reforçou sua aliança com a ditadura salazarista e é isso que é necessário denunciar, sobretudo, por entender que uma organização como a OSPAAAL tem toda sua razão de ser na unificação dos povos dos três continentes contra as posições do imperialismo. Costa e Silva proporcionou a Salazar uma série de ajudas e concessões destinadas obviamente a combater o movimento guerrilheiro em Angola e outras colônias.
Nós sabemos, e é necessário denunciar, que os navios de guerra brasileiros vão a Angola realizar ‘visitas’, mas o que se quer é camuflar essas ‘visitas’, que dizem que são viagens de treinamento dos cadetes da Marinha, mas que na verdade se tratam de missões navais, executando agressivas missões de guerra.
Existem também missões militares e intercambio de oficiais, tudo isso é realizado pelos gorilas do Brasil; existe até o treinamento de oficiais portugueses para exercer a repressão à guerrilha de Angola, e não por acaso que o Brasil está se transformando também em um grande centro de treinamento antiguerrilhas, não apenas para a repressão das guerrilhas no Brasil e na América Latina, mas também para a repressão em um plano tricontinental e, particularmente, no plano das guerrilhas da África.
Até se sabe também do anunciado envio de aviões do Brasil à Portugal para reprimir aos que lutam com armas na mão em Angola, Bissau, etc. Então, com isso, se pode ver que é necessário aprofundar no Brasil a luta contra o apoio que a ditadura brasileira dá a ditadura salazarista de Portugal. Temos que desmascarar essa posição, porque os aliados do povo brasileiro são os povos da África, é o povo de Angola que luta com as armas na mão por sua libertação.
É por isso que quero ressaltar a importância do apoio à organização da OSPAAAL, como a organização capaz de empreender o caminho para a unificação das forças revolucionárias dos três continentes em sua luta de guerrilhas para derrotar o imperialismo dos Estados Unidos e para liquidar o novo colonialismo da ditadura salazarista.”
Perguntado sobre os planos militares dos regimes do Brasil e Argentina, e sobre a criação de uma Força Interamericana de Paz, Marighella assinalou: “Existem dois países que têm uma posição muito calara em toda esta luta na América Latina, que são Brasil e Argentina, por seus governos oligárquicos, por suas forças militares, por seu comércio, seu subdesenvolvimento e uma série de outras coisas. Toda essa teoria dos militares brasileiros tem se baseado na possibilidade de haver um choque entre Brasil e Argentina. Que existem contradições é certo. As contradições também são por questões de hegemonia sobre outros países; por exemplo, sobre o Paraguai, o Brasil vem realizando invasões que têm sido denunciadas, com violações das fronteiras do Paraguai. A Argentina também tenta concretizar seus crimes e estabelecer controle sobre o Paraguai e o Uruguai. É uma questão sobre a hegemonia que podem exercer Brasil e Argentina sobre os outros países da América Latina com quais possuem fronteiras.
Eles se unem para reprimir o movimento de libertação dos dois países ou dos países da América Latina. Os acordos, os compromissos entre Costa e Silva e Onganía, que todos os jornais têm denunciado, foram feitos em um ambiente observado pelo imperialismo norte-americano, pois necessitam manter neste sentido um entendimento, uma unidade que facilite a repressão contra a luta. Em minha opinião, os militares do Brasil e da Argentina buscam um entendimento fundamental para a repressão ao movimento de libertação do povo da Argentina e do povo do Brasil.
Ainda que existam contradições na questão da Força Interamericana da Paz, fundamentalmente eles querem entender-se para a repressão. Com a burguesia tendo em suas mãos as ditaduras na Argentina e no Brasil – representada pelos militares, porque são ditaduras militares – teme que com a Força Interamericana de Paz, o imperialismo possa ocupar algumas posições que a burguesia detém. Não porque queria levar a cabo uma luta contra o imperialismo, mas porque desejam que o país seja dependente sem que isso afete seus interesses econômicos e possam assegurar suas posições. Como isso claramente não pode impedir o avanço do movimento de libertação nacional, a burguesia prefere fazer concessões e ceder tudo aos imperialistas.”
Em relação a atitude que devem manter os revolucionários diante da intervenção imperialista, Marighella disse: “Se eles podem, como parte da reação e da opressão, invadir outros países com tropas oligárquicas, nós temos, como revolucionários da América Latina, que oferecer nosso apoio em cada ponto onde seja necessário para enfrentar a ação combinada dos imperialistas e seus lacaios. Isso se vê agora, mas não é uma coisa nova na América Latina, no Brasil temos o exemplo de Garibaldi. Garibaldi, o grande lutador revolucionário italiano, foi combater pela libertação de nosso país. Sua mulher, Anita Garibaldi, brasileira, depois saiu do Brasil com seu marido para lutar pela libertação de outros povos, até a Itália. Como outros exemplos que existem na história da América Latina, sobretudo, agora diante da agressividade dos Estados Unidos e da política que assume contra a oposição em todo o mundo para impedir a libertação de todos os povos. Como nós, os revolucionários latino-americanos, podemos nos manter alheios às lutas dentro das fronteiras de nosso continente? Não pode ser. É uma concepção revolucionária que devemos pôr em prática.
É necessário levar adiante uma luta para esmagar, liquidar o próprio sistema capitalista dentro dos Estados Unidos, sem a qual não haverá a libertação da população negra. Para nós, brasileiros, é uma questão muito séria. Um país como o nosso, com grande parte da população negra, não pode entender de outra forma que não seja a aliança geral dos povos de toda a América Latina com a população negra dos Estados Unidos. A questão da solidariedade com o Vietnã, com a Revolução Cubana, da solidariedade com a população negra nos Estados Unidos são três pontos capitais na luta geral de toda a humanidade contra o imperialismo norte-americano. E isto deve ser feito, não com base em palavras, mas sim a partir da luta armada, da luta guerrilheira nos países da América Latina.
Sobre sua decisão de renunciar ao cargo que ocupava dentro do Partido Comunista Brasileiro, Marighella pontuou: “Dentro do Partido Comunista Brasileiro existe uma posição ideológica de direita, da direção, da maioria da direção do partido no Brasil, que não quer compreender que deve haver mudanças, que não se pode seguir na mesma posição de quando tínhamos a legalidade concedida ao Partido, pois apesar de tudo era ainda uma democracia restrita, pois era uma coisa utópica haver democracia no Brasil.
Porém, por exemplo, agora está no poder a ditadura militar e a direção precisa mudar; os homens precisam mudar, querendo ou não; a direção de nosso Partido não mudou e desde então mantem uma posição ao lado da burguesia nacional, como no período anterior. Dizia existir no Brasil uma burguesia nacional, e ainda segue dizendo, que existe essa burguesia no Brasil, uma burguesia nacional que se deve apoiar porque tem contradições com o imperialismo e o latifúndio.
Mas este programa é uma coisa superada, isto poderia ser nos tempos em que a burguesia se desenvolvia e não existia o imperialismo. Isso poderia ser positivo nos tempos posteriores a Revolução Francesa até o período que o imperialismo não havia se desenvolvido como sistema. Porém, depois da Segunda Guerra Mundial e após a vitória da Revolução Chinesa e depois da vitória da Revolução Cubana, não se pode dizer que a burguesia nacional tem interesse em levar adiante a luta contra o imperialismo e o latifúndio. Em uma análise objetiva da burguesia, como a que fizemos em São Paulo na conferência que realizamos, foi demonstrado de forma cabal, completa e incontestável, que a maioria da burguesia do Brasil está ligada ao imperialismo norte-americano; as grandes empresas dos capitalistas, dos grupos capitalistas brasileiros, são empresas que estão associadas a General Motors, ou associadas a Firestone e muitas outras empresas e consórcios yanques.
A direção formal do Partido está muito preocupada porque fiz uma declaração, que foi a seguinte: ‘ao solicitar minha demissão da Comissão Executiva, como faço aqui, desejo fazer pública minha disposição de lutar revolucionariamente junto às massas e jamais ficar esperando pela tomada do poder político com a tática convencional que segue essa direção’. Quero dizer com isto, que saí do partido porque quero seguir o marxismo-leninismo, que é a única coisa que pode compreender o povo, e não o submeter ao que querem os direitistas e os oportunistas; então saio, me retiro do meio dos oportunistas e vou lutar revolucionariamente junto com as massas. E jamais ficarei esperando pela aprovação deles.”
O dirigente comunista do Brasil finalmente se referiu ao papel que deve desempenhar a OSPAAAL em sua luta contra o imperialismo nos três continentes. Expressou: “Acredito que a OSPAAAL tem se destinado ao papel de unificar a luta contra o imperialismo nos três continentes. Sabemos que América Latina, Ásia e África são continentes onde o imperialismo explora milhões de pessoas, onde milhões de camponeses vivem na miséria e sem terra própria para trabalhar, dominados por governos de gorilas cuja única finalidade é defender os interesses dos trustes e dos monopólios. O imperialismo é o inimigo comum dos três continentes. E na cabeça do imperialismo estão os Estados Unidos.
Os povos dos três continentes deverão encontrar na OSPAAAL o instrumento indispensável para o apoio à luta contra o imperialismo, para a unidade entre os revolucionários que sabem que não existe outra saída para o Terceiro Mundo, exceto a organização da guerra justa e necessária contra o imperialismo.”