Viva Marulanda e o Dia Internacional do Direito dos Povos à Rebelião Armada

Em 26 de março de 2008, há 15 anos, o lendário guerrilheiro Manuel Marulanda Vélez, o “Tirofijo”, comandante em chefe e fundador das FARC-EP, nos deixava aos 77 anos, por problemas no coração. Herói insurgente da Colômbia de Bolívar, nascido em 12 de maio de 1930, como Pedro Antonio Marín, em uma família de camponeses pobres em Quindío.

Durante o período conhecido como “La Violencia”, iniciado em abril de 1948 com o assassinato de Jorge Gaitán e a rebelião popular que se seguiu, o Bogotazo, Marín passou a integrar as autodefesas camponesas de orientação gaitanista para defender as comunidades rurais dos bandos paramilitares ligados ao Partido Conservador e aos latifundiários. Com o fim da guerra civil em 1958, Manuel Marulanda, que já havia aderido ao marxismo-leninismo e adotado o nome do pedreiro negro e dirigente do Partido Comunista de Colombia (PCC), participa da República de Marquetalia (1958-1964), uma experiência de libertação territorial sob controle do campesinato na região de Tolima.

Com a destruição da República de Marquetalia pelo exército colombiano, que contou com apoio militar dos EUA, se iniciam as lutas guerrilheiras no marco de 27 de maio de 1964, com os grupos de autodefesa camponesa adotando em 1966 o “programa agrário” e o nome Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia – FARC, lideradas por Ciro Trujillo, Jacobo Arenas e Manuel Marulanda.

A partir de 1982 a organização guerrilheira contando com cerca de 20 mil combatentes adota o nome FARC – Exército do Povo, mantendo dezenas de frentes guerrilheiras, diversas zonas liberadas no país e uma estratégia militar para a tomada do poder. Com o início das negociações de paz em 1984, as FARC-EP constituem o partido político Unión Patriótica, mas teria seus candidatos à presidência assassinados e milhares de militantes mortos por paramilitares, narcotraficantes e militares. Retomando a luta armada a partir das selvas, em 1987 se funda a Coordinadora Guerrillera Simón Bolívar, com as FARC-EP, o Ejército de Liberación Nacional – ELN, o Ejército Popular de Liberación – EPL, o M-19, o Partido Revolucionario de los Trabajadores – PRT e o Movimiento Armado Quintín Lame.

Em um regime classificado como uma “ditadura perfeita” que alterna conservadores e liberais no poder, a Colômbia se transforma em um Narcoestado militarizado e um protetorado do imperialismo estadunidense, profundamente marcado pela miséria e pela violência. Os anos 1990 são marcados pela morte de Jacobo Arenas, ideólogo e também fundador das FARC, por uma nova constituinte e diálogos de paz que desmobilizam parte das organizações guerrilheiras, apenas as FARC-EP, parte do EPL e o ELN seguem em armas, dando continuidade à luta insurgente no país. A chamada “guerra suja” e o conflito armado escalam nos anos 2000, as FARC sofrem um duro golpe em março de 2008 com a morte de duas das principais lideranças farianas, Raúl Reyes e Iván Ríos, perdendo também seu lendário fundador, apelidado de Tirofijo pela precisão do seu tiro, Marulanda morre no dia 26 de março de 2008 em decorrência de problemas cardíacos em um local desconhecido da selva colombina, que tanto conhecia. A data que marca a despedida do “Velho” e o mais longevo líder guerrilheiro da história é convertida no Dia do Direito Universal dos Povos à Rebelião Armada e adotada como data internacional por organizações revolucionárias e democráticas de todo o mundo como uma referência para a luta insurgente dos povos contra as injustiças, os regimes autoritários, pela libertação nacional e pelo socialismo.     

Com um país governado por uma narco-burguesia, a ascensão do uribismo e o Plano Colômbia implementando a partir dos anos 2000 para profundar o controle imperialista dos EUA nos país, em 4 de novembro de 2011 as FARC perdem também seu ideólogo e sucessor de Marulanda, o antropólogo Alfonso Cano é assassinado pelo Estado colombiano, com a guerrilha enfraquecida os diálogos de paz avançam sob a nova liderança reformista de Timochenko, com o acordo de paz sendo estabelecido em 2016 e o setor majoritário da guerrilha depondo as armas para se constituir como partido institucional, mas com algumas dissidências mantendo suas frentes guerrilheiras ativas e um setor ligado ao Partido Comunista Clandestino Colombiano, reconstituindo as Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia – Ejército del Pueblo (Segunda Marquetalia), sob a liderança de Iván Márquez e Jesús Santrich, que reivindicando o legado de Simón Bolívar e Manuel Marulanda prosseguem, ao lado do ELN, o processo de insurgência revolucionária para construir a pátria socialista e novo poder na Colômbia.

Viva Manuel Marulanda!

Viva Dia Internacional do Direito dos Povos à Rebelião Armada! 

Pela Libertação Nacional e pelo Socialismo!     

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