Maurício Grabois figura entre os grandes heróis do povo brasileiro, dirigente comunista por toda uma vida e comandante político-militar de uma das mais importantes iniciativas de enfretamento armado contra a ditadura militar fascista no Brasil, as Forças Guerrilheiras do Araguaia (FOGUERA).
Nascido em 2 de outubro de 1912, em Salvador, no seio de uma família judia de refugiados russos-ucranianos que fixou residência na Bahia, em 1925 ingressou no Ginásio da Bahia, onde estudou com Carlos Marighela. Em 1929, Maurício se transfere para o Rio de Janeiro a fim de seguir carreira militar a adere ao PCB em 1932, antes de completar 20 anos. Grabois terá importante papel na construção da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e participa ativamente do Levante Comunista de 1935. Derrotada a insurreição popular e desatada uma imensa repressão contra os comunistas pelo governo de Getúlio Vargas, Grabois passa a viver na clandestinidade, assume o papel de um dos principais dirigentes do PCB e responsável pela rearticulação do partido. Preso em 1941, ao sair da prisão trabalha intensamente no processo que culminaria na Conferência da Mantiqueira em 1943 e se torna membro do Comitê Nacional, da Comissão Executiva e do Secretariado do CC, nos anos 1940 trabalha também como editor da revista Continental, do jornal A Classe Operária e funda as editoras Horizonte e Vitória.
Com a legalização do PCB em 1945, Maurício é eleito deputado constituinte e lidera a bancada comunista na Câmara Federal até cassação dos mandatos em 1947. Após uma nova detenção em 1948, Grabois volta a clandestinidade, mas continua responsável pelo setor de propaganda do partido. Em 1955 viaja à URSS como chefe da delegação, retornando ao Brasil em 1957. Toma parte da luta interna do PCB após a crise aberta no movimento comunista internacional com o XX Congresso PCUS e o “revisionismo kruschevista”. Com a cisão consumada no V Congresso do PCB de 1960 e a “Carta dos 100 – Em defesa do Partido”, Grabois lidera ao lado de Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e outros a formação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1962, que reivindica a continuidade do PC fundado em 1922. Nos anos seguintes, representando o partido, Maurício irá visitar a Cuba revolucionária de Fidel Castro, a China maoísta e a Albânia socialista de Enver Hoxha, também traduziu e escreveu o prefácio para a primeira edição brasileira do livro “A guerra de guerrilhas”, clássico do comandante de Che Guevara, publicado no país em 1962.
Com o golpe militar fascista de 1964, apoiado diretamente pelo imperialismo norte-americano, o PCdoB assume a linha maoísta da guerra popular prolongada e uma estratégia guerrilheira exclusivamente a partir do campo, sintetizada depois no documento “Guerra Popular, caminho da luta armada no Brasil”, de 1969. Enviando militantes para a preparação militar na China socialista e diferindo seu acionar político de outras organizações armadas como a ALN e VPR, que desenvolveram suas ações armadas principalmente nas cidades, o PCdoB, ainda a partir de 1967, passa a enviar combatentes para a região do Rio Araguaia, principalmente na área do Bico do Papagaio no norte de Goiás (hoje Tocantins) e sul do Pará.
Sob o comandado político-militar de Maurício Grabois, o “Velho Mário”, e divididas nos Destacamentos A, B e C ao longo da Transamazônica e da Serra das Andorinhas, as FOGUERA respondiam ao objetivo estratégico da formação de um exército guerrilheiro que avançaria a partir de colunas de combatentes para cercar as cidades e foram impulsionadas ao mesmo tempo que a União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo (ULDP), formada por diversos núcleos de camponeses dos lugarejos da região.
Em 1972, o trabalho clandestino de mobilização popular e preparação da luta armada dos comunistas na região do Araguaia é descoberto pela repressão, que já havia conseguido destroçar boa parte das organizações armadas de guerrilha urbana. São organizadas grandes operações militares para a destruição das Forças Guerrilheiras do Araguaia e em 25 de dezembro de 1973 um acampamento onde se encontravam cerca de 15 guerrilheiros que integravam a Comissão Militar é surpreendido e massacrado pela repressão, no episódio que ficou conhecido como “Chafurdo de Natal”, realizado pela Operação Marajoara. Além do comandante Maurício Grabois, foram assassinados os dirigentes Gilberto Olímpio Maria, Guilherme Lund e Paulo Mendes Rodrigues, e outros integrantes da Comissão Militar conseguiram escapar feridos ao massacre.
As operações militares seguem e em fins de 1974 a guerrilha é completamente exterminada com uma brutal repressão sobre camponeses e combatentes. São mortos dezenas de guerrilheiros como Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, Helenira “Preta” Resende, André Grabois e outros filhos e filhas do povo que heroicamente lutaram contra a ditadura militar fascista no Brasil.
VIVA MAURÍCIO GRABOIS!
VIVA AS FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA!