Não apenas um problema americano, mas um problema mundial

Discurso proferido por Malcolm X em 16 de fevereiro de 1965, na Igreja Metodista Corn Hill, em Rochester. Nova York.

Em primeiro lugar, irmãos e irmãs, quero começar agradecendo a vocês por dispor de seu tempo para vir aqui esta noite e especialmente pelo convite para vir a Rochester participar desta pequena discussão informal sobre assuntos de interesse comum a todos os membros da comunidade, de toda comunidade de Rochester. Minha razão para estar aqui é para falar sobre a revolução negra que está acontecendo nesta terra, a maneira como ela está ocorrendo no continente africano e o impacto que isso tem nas comunidades negras, não apenas aqui na América, mas na Inglaterra, França e em outras antigas potências coloniais.

Muitos de vocês provavelmente leram na semana passada que eu fiz um esforço para ir à Paris e fui impedido de entrar. E Paris não expulsa ninguém. Você sabe que qualquer pessoa pode entrar na França, que é um suposto país liberal. Mas a França está tendo problemas que não são divulgados. E a Inglaterra também está tendo problemas que não são divulgados, porque os problemas da América têm sido muito divulgados. Mas todos esses três parceiros, ou aliados, têm problemas em comum hoje em dia.

E para que você e eu conheçamos a natureza da luta na qual estamos envolvidos, precisamos conhecer não apenas os vários elementos envolvidos a nível local e nacional, mas também os elementos envolvidos a nível internacional. E os problemas do homem negro neste país hoje deixaram de ser apenas um problema afro-americano ou um problema americano. Tornou-se um problema que é tão complexo e tem tantas implicações, que você tem de estudá-lo de forma ampla, em um contexto mundial ou em um contexto internacional para realmente entendê-lo como ele realmente é. Caso contrário, você não poderá nem acompanhar o problema local, a menos que saiba que papel ele desempenha no contexto internacional. E quando você o analisa nesse contexto, você o vê sob uma perspectiva mais ampla, você o vê com mais clareza.

E você deveria se perguntar por que um país como a França deveria se preocupar tanto com um afro-americano insignificante a ponto de proibir sua entrada, quando quase todo mundo pode entrar nesse país sempre que desejar. E é principalmente porque esses três países têm os mesmos problemas. E o problema é este: que no Hemisfério Ocidental, você e eu não percebemos isso, mas não somos exatamente uma minoria nesta terra. No Hemisfério Ocidental existem – há pessoas no Brasil, dois terços do povo brasileiro são formados por pessoas de descendência africana como nós. Eles são pessoas de origem africana, ancestralidade africana. E não só no Brasil, mas em toda a América Latina, Caribe, Estados Unidos e Canadá, você tem pessoas de origem africana.

Muitos de nós nos enganamos pensando que nós afro-americanos somos apenas aqueles que estão nos Estados Unidos. América é América do Norte, América Central e América do Sul. Qualquer pessoa de descendência africana na América do Sul é um afro-americano. Qualquer pessoa na América Central de sangue africano é um afro-americano. Qualquer um aqui na América do Norte, incluindo o Canadá, é um afro-americano se tiver origem africana – mesmo no Caribe, ele é um afro-americano. Então, quando falo do afro-americano, não estou falando apenas dos 22 milhões de pessoas que estão aqui nos Estados Unidos. Mas afro-americano se refere ao grande número de pessoas no Hemisfério Ocidental, desde o extremo sul da América do Sul até o extremo norte da América do Norte, todos têm uma herança comum e têm uma origem comum quando se volta para as raízes dessas pessoas.

Agora, existem quatro áreas de influência no Hemisfério Ocidental, onde os negros estão envolvidos. Há a área de influência espanhola, o que significa que a Espanha colonizou uma certa parte do Hemisfério Ocidental. Há a área de influência francesa, o que significa aquela parte que a França colonizou anteriormente. A área anteriormente colonizada pelos britânicos e a área onde nós estamos nos Estados Unidos.

A área que anteriormente foi colonizada pelos espanhóis é comumente referida como América Latina. Eles têm muitas pessoas de descendência africana lá. A área que os franceses colonizaram no Hemisfério Ocidental é amplamente referida como a Antilhas Ocidentais francesas. E a área que os britânicos colonizaram são aquelas comumente referidas como as Antilhas Ocidentais britânicas e o Canadá. E, novamente, há os Estados Unidos. Portanto, temos estas quatro classificações diferentes de pessoas de descendência africana, ou pessoas não-brancas, aqui no Hemisfério Ocidental.

Devido a fraca economia espanhola e o fato de não ser mais uma influência no cenário mundial como era antigamente, os afro-latinos não migram. Mas por causa do alto padrão de vida da França e Inglaterra, muitos negros das Antilhas Ocidentais britânicas migram para Inglaterra e muitos das Antilhas Francesas migram para a França, e nós que já estamos aqui.

Então, isso significa que os três principais aliados, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França têm um problema hoje que é um problema comum. Mas você e eu nunca obtivemos informações suficientes para perceber que eles têm um problema comum. E esse problema comum se refere a essa nova disposição que se reflete de modo geral no povo negro dentro da França continental e dentro da Inglaterra e também aqui nos Estados Unidos. De modo que – essa disposição tem mudado de acordo com as mudanças ocorridas no continente. Então, quando você acha que a revolução africana está ocorrendo, e por revolução africana, me refiro ao surgimento de nações africanas independentes que vem acontecendo há dez ou doze anos e que afetou totalmente a postura dos negros no hemisfério ocidental. Tanto é assim que, quando eles migram para a Inglaterra, eles passam a representar um problema para os ingleses. E quando eles migram para a França, eles passam a representar um problema para os franceses. E os que já estão aqui nos Estados Unidos – quando eles despertam, e essa mesma atitude é refletida no afro-estadunidense, então isso representa um problema para o homem branco aqui na América.

Então, não pense que o problema que o homem branco tem na América é único. A França e a Grã-Bretanha estão tendo o mesmo problema. A única diferença entre França, Grã-Bretanha e Estados Unidos é que aqui surgiu muitos líderes. Os Estados Unidos criaram uma espécie de militância que assustou os americanos brancos. Mas isso não aconteceu na França e na Inglaterra. Apenas recentemente, a comunidade afro-americana e a afro-britânica das Antilhas Ocidentais se juntaram a comunidade africana na França e começaram a se organizar, isso assustou a França até a morte. E a mesma coisa está acontecendo na Inglaterra. Até recentemente, eles eram completamente desorganizados. Mas, recentemente, os afro-antilhanos na Inglaterra junto com a comunidade africana e com os asiáticos na Inglaterra começaram a se organizar e trabalhar uns com os outros, em conjunto uns com os outros. Isso gerou um problema sério para a Inglaterra.

Eu tive de contextualizar para que você entenda alguns dos problemas atuais que estão se desenvolvendo aqui na América. De modo algum, você poderá entender os problemas entre negros e brancos aqui em Rochester ou em Mississippi, ou na Califórnia, a menos que você entenda o problema básico que existe entre negros e brancos não apenas a nível local, mas a nível global neste mundo hoje. Quando você analisar sob esse contexto, você vai entender. Mas se você olhar para ele apenas no contexto local, você nunca vai entender. Você tem que ver a tendência que está ocorrendo no mundo. E o meu propósito aqui esta noite é tentar lhe dar uma compreensão atualizada de tudo quanto for possível.

Como muitos de vocês sabem, deixei o movimento muçulmano negro e durante os meses de verão, passei cinco meses no Oriente Médio e no continente africano. Durante esse período, visitei muitos países, primeiro o Egito, depois a Arábia, depois o Kuwait, o Líbano, o Sudão, o Quênia, a Etiópia, Zanzibar, Tanganica – que hoje é conhecido como Tanzânia – Nigéria, Gana, Guiné, Libéria e Argélia. E durante os cinco meses que passei por lá, tive a oportunidade de manter longas discussões com o presidente Nasser do Egito, o presidente Julius Nyerere da Tanzânia, Jomo Kenyatta do Quênia, Milton Obote de Uganda, Azikiwe da Nigéria, Nkrumah de Gana e Sekou Toure da Guiné. E durante as conversas com esses homens e outros africanos daquele continente houve muita troca de informação, o que definitivamente ampliou meu entendimento e acredito que ampliei meu escopo. Pois desde que voltei de lá, não tive o menor desejo de me envolver em discussões insignificantes com qualquer pessoa de mente estreita, pessoas que pertencem a organizações que se baseiam em fatos enganadores, que não entendem você e que não te levam a lugar nenhum quando você tem problemas tão complexos como os nossos que estamos tentando resolver.

Então, eu não estou aqui esta noite para falar sobre esses movimentos que estão em conflito uns com os outros. Estou aqui para falar sobre o problema que está diante de nós. E farei isso de maneira muito informal. Eu nunca gostei de estar preso a um método ou a um procedimento formal quando falo em público, porque eu acho que normalmente a conversa em que estou envolvido gira em torno da raça ou sobre questões raciais, o que não é culpa minha. Eu não criei o problema racial.

E você sabe, eu não vim para a América no [navio] Mayflower ou por minha própria vontade. Nosso povo foi trazido para cá involuntariamente. Então, se expomos o problema agora, eles não deveriam nos culpar por estar aqui. Eles nos trouxeram aqui.

Uma das razões pelas quais eu acho melhor ser informal quando se discute este tipo de questão, é porque quando as pessoas estão discutindo questões raciais, elas tendem a ser muito tacanhas e sentimentais, especialmente as pessoas brancas. Eu conheço pessoas brancas que geralmente são muito inteligentes, até você falar sobre o problema racial. Então elas ficam cegas como um morcego e querem que você aceite o que eles acham, e é exatamente o oposto da verdade.

Então, eu prefiro que sejamos informais para que possamos relaxar e manter a mente aberta, e tentar formar o padrão ou o hábito de ver os fatos por nós mesmos, ouvir por nós mesmos, pensar por nós mesmos, e então poderemos chegar a um julgamento inteligente por nós mesmos.

Para deixar claro a minha posição, como fiz no início do dia na [Universidade] Colgate. Eu sou muçulmano, com isso quero dizer que minha religião é o Islã. Eu acredito em Deus, o Ser Supremo, o criador do universo. Esta é uma forma muito simples de religião, fácil de entender. Eu acredito em Deus, e acredito que Deus tem uma religião, sempre terá uma religião. E que Deus ensinou a todos os profetas a mesma religião, então, não há discussão sobre quem era maior ou quem era melhor: Moisés, Jesus, Maomé ou alguns dos outros. Todos eles foram profetas que vieram de um só Deus. Eles tinham uma doutrina e essa doutrina era projetada para levar a humanidade a compreensão, para que toda humanidade pudesse entender que ele é único e que há algum tipo de irmandade que devemos praticar aqui na terra. Eu acredito nisso.

Eu acredito na irmandade entre os homens. Mas apesar do fato de eu acreditar na irmandade entre os homens, eu tenho de ser realista e perceber que aqui na América nós estamos em uma sociedade que não pratica a fraternidade. Não pratica o que prega. Prega a fraternidade, mas não a pratica. E porque esta sociedade não pratica a fraternidade, alguns de nós, que somos muçulmanos – que deixaram o movimento muçulmano negro e se reagruparam como muçulmanos, em um movimento baseado no Islã ortodoxo – nós acreditamos na irmandade do Islã.

Mas também percebemos que o problema enfrentado pelos negros neste país é tão complexo, e está há tanto tempo sem solução que se tornou absolutamente necessário formarmos outra organização. É uma organização não religiosa, conhecida como a Organização da Unidade Afro-Americana e é estruturada organizacionalmente para possibilitar a participação ativa de qualquer afro-americano em um programa que foi elaborado para eliminar os males políticos, econômicos e sociais com os quais nosso povo é confrontado nesta sociedade.

E nós temos essa configuração porque percebemos que temos a necessidade de lutar contra os males de uma sociedade que fracassou em produzir fraternidade para todos os seus membros. Isso não significa que somos antibrancos, antiazuis, antivermelhos ou anti-amarelos. Somos anti-erro. Somos antidiscriminação, somos antissegregação. Somos contra qualquer pessoa que pratica qualquer forma de segregação ou discriminação contra nós porque nossa cor não é aceitável para eles.

Nós não julgamos um homem por causa da cor de pele dele. Nós não julgamos você porque você é branco, nós não julgamos você porque você é negro, nós não julgamos você porque você é marrom. Nós o julgamos com base no que você faz e no que você pratica. E enquanto você estiver praticando o mal, seremos contra você. E para nós, a pior forma de maldade é a que julga um homem por causa da cor da pele dele. E eu não acho que alguém aqui possa negar que vivemos em uma sociedade que simplesmente não julga um homem de acordo com seus talentos, de acordo com seu conhecimento, de acordo com sua possibilidade – experiência ou falta de histórico acadêmico. Esta sociedade julga um homem unicamente por causa da cor de sua pele. Se você é branco pode seguir em frente, mas se você é negro você tem de lutar a cada passo dado no caminho, e ainda assim, você não avançará.

Vivemos em uma sociedade que, em grande parte, é controlada por pessoas que acreditam na segregação. Estamos vivendo em uma sociedade que, em grande parte, é controlada por pessoas que acreditam no racismo e praticam segregação e discriminação. Acreditamos e digo que é controlado, não por brancos bem-intencionados, mas controlado por segregacionistas racistas. E você pode perceber isso baseado no padrão com que esta sociedade opera em todo o mundo. Atualmente, na Ásia, você tem o exército americano jogando bombas em pessoas de pele escura. Você não pode negar isso – como você pode justificar o fato de sair do seu país para jogar bombas em outro país. Se fosse ao lado, eu até poderia entender, mas você não pode ir tão longe para jogar bombas em um país distante e justificar sua presença lá. Não me venha com essa.

Isso é racismo. Racismo praticado pela América. Racismo que envolve uma guerra contra pessoas de pele escura na Ásia, outra forma de racismo envolvendo uma guerra contra os africanos no Congo, uma vez que se trata também de uma guerra contra as pessoas de descendência africana no Mississippi, Alabama, Geórgia e Rochester, Nova Iorque. Então não somos contra as pessoas porque elas são brancas. Mas somos contra aqueles que praticam o racismo. Somos contra aqueles que jogam bombas nas pessoas porque a cor de sua pele é diferente da sua. Somos contra a imprensa que nos acusa de sermos violentos. Nós não somos a favor da violência. Nós somos pela paz. Mas as pessoas que enfrentamos são violentas. Você não pode estar em paz quando está lidando com elas. Elas nos acusam de algo do qual eles próprios são culpados. É isso que o criminoso sempre faz. Eles vão te bombardear e depois vão te acusar de bombardear a si mesmo. Eles vão esmagar seu crânio e depois vão acusá-lo de tê-lo atacado. É isso que os racistas sempre fazem, aquele transformaram suas práticas criminosas em uma ciência. Sua prática é uma ação criminosa. E depois usam a imprensa para transformar a vítima em criminoso e o criminoso em vítima. É assim que eles fazem.

E você aqui em Rochester sabe mais sobre isso do que em qualquer outro lugar. Aqui está um exemplo de como eles atuam. Eles pegam a imprensa, e através da imprensa batem no sistema, ou através do público branco, porque o público branco está dividido entre aqueles que são bons e os que não são. Alguns são bem-intencionadas e outros não. Isso é verdade. Você tem alguns que não são bem-intencionados. E geralmente, aqueles que não são bem-intencionados superam aqueles que são bem-intencionados. Você precisa de um microscópio para encontrar aqueles que são bem-intencionados. Então, eles não gostam de fazer nada sem o apoio do público branco. Os racistas, que geralmente são muito influentes na sociedade, não fazem nada sem antes obter o apoio da opinião pública do seu lado. Então, eles usam a imprensa para ter a opinião pública ao seu lado.

Quando eles querem reprimir e oprimir a comunidade negra, o que eles fazem? Eles pegam as estatísticas e, através da imprensa, alimentam o imaginário do público. Eles fazem parecer com que o crime na comunidade negra seja maior do que em qualquer outro lugar. Qual a implicação disso? Esta é uma manobra muito habilidosa usada pelos racistas para fazer com que os brancos que não são racistas comecem a pensar que a taxa de criminalidade na comunidade negra é tão alta que isso os levam a relacioná-la com a imagem das pessoas da comunidade, a imagem de um criminoso. Parece que qualquer pessoa na comunidade afro-americana é criminosa. E assim que essa impressão é passada, então ela possibilita ou abre o caminho para o governo adotar um sistema de Estado policial contra a comunidade com a aprovação total do público branco. Assim, quando a polícia invade, usando todo tipo de medidas brutais para reprimir a população afro-americana, esmagando seus crânios, usando cães e coisas desse tipo, os brancos concordam com isso porque eles acham que todos na comunidade são criminosos.

Isso é astúcia. Essa astúcia é chamada de “produção de imagens”. Elas mantêm você sob controle por meio dessa ciência de produção de imagens. Eles até fazem você desprezar a si mesmo, dando a você uma impressão negativa de si mesmo. Alguns dos nossos próprios negros aceitaram essa imagem e a digeriram – até eles mesmos não querem mais viver na comunidade negra. Eles não querem estar perto dos negros.

É uma ciência que eles usam muito habilmente, para fazer parecer com que a vítima seja vista como criminoso e o verdadeiro criminoso seja visto como vítima. Temos exemplos aqui nos Estados Unidos, durante os protestos no Harlem, eu estava na África, felizmente. Durante esses tumultos, ou após os tumultos, novamente a imprensa, muito habilmente, descreveu os manifestantes como desordeiros, arruaceiros, criminosos, ladrões, porque eles estavam destruindo algumas propriedades.

Agora lembre-se, é verdade que a propriedade foi destruída. Mas veja isso por outro ângulo. Nessas comunidades, a economia não está nas mãos do homem afro-americano. Ele não é o proprietário das casas e das lojas. Os edifícios onde eles moram são de propriedade de outra pessoa. As lojas da comunidade são de propriedade de outra pessoa. Tudo na comunidade está fora de seu controle.

Ele não tem nenhuma autoridade sobre isso, além de apenas morar lá, e pagar o aluguel mais caro por um espaço menor, pagar os preços mais caros por uma comida de pior qualidade. Ele é uma vítima disso, vítima da exploração econômica, exploração política e todos os outros tipos. Agora, ele está tão frustrado, tão reprimido com tanta tensão acumulada dentro dele que gostaria de alcançar aquele que o explora. Mas quem o explora não mora em sua comunidade. Ele é apenas o dono da casa, o dono da loja. Ele é apenas o dono do bairro. Então, quando o homem negro explode e quem ele quer pegar não está lá. Então, ele destrói a propriedade. Ele não é um ladrão. Ele não está tentando roubar sua mobília barata ou sua comida barata. Ele quer chegar até o proprietário, mas ele não está lá. E em vez de os sociólogos analisarem o que realmente é, tentando entendê-lo como de fato é, mais uma vez eles omitem a questão real e usam a imprensa para fazer parecer com que essas pessoas sejam vistas como ladrões, bandidos. Não! Eles são vítimas do crime organizado, de proprietários organizados que não passam de ladrões, mercadores que não passam de ladrões, políticos que se sentam na prefeitura e que não passam de ladrões em conluio com os proprietários e comerciantes.

Mas, novamente, a imprensa é usada para fazer a vítima parecer criminosa e o criminoso parecer a vítima. Isso é produção de imagem. E assim como essa imagem é praticada em nível local, você também pode ver em nível internacional. Para entender melhor, há um exemplo recente em nível internacional para testemunhar o que estou dizendo, é o que aconteceu no Congo. Veja o que aconteceu. Tivemos uma situação em que aviões lançaram bombas em aldeias africanas. Uma aldeia africana não tem defesa antibomba. Uma aldeia africana não constitui uma ameaça suficiente para ser bombardeada! Mas aviões lançaram bombas em aldeias africanas. Quando essas bombas caem, elas não distinguem inimigo e amigo, homem ou mulher. Quando essas bombas são jogadas, elas caem sobre mulheres, crianças e bebês congoleses. Esses seres humanos foram partidos em pedaços. Não ouvi nenhum clamor, nenhuma voz de compaixão por esses milhares de congoleses que foram assassinados por aviões pilotados por americanos.

Por que não houve protestos? Por que não houve preocupação? Porque, novamente, a imprensa muito habilmente fez as vítimas parecerem criminosos e os criminosos parecerem vítimas.

Eles disseram que as aldeias indefesas eram “mantidas por rebeldes”, você sabe. Como se o fato de as aldeias serem controladas por supostos rebeldes, desse-lhe o direito de destruir a população indefesa. Eles também disseram que os mercadores da morte eram “pilotos cubanos anti-Castro treinados pelos americanos”. Isso os tornou aceitáveis para o público branco americano. Porque esses pilotos, esses mercenários – você sabe o que é um mercenário, ele não é um patriota. Um mercenário não é alguém que vai para a guerra por patriotismo. Um mercenário é um assassino de aluguel. Uma pessoa que mata, que derrama sangue por dinheiro, o sangue de alguém. Eles matam um ser humano com a mesma facilidade com que matam um gato, um cachorro ou uma galinha. Então, esses mercenários jogaram bombas em aldeias africanas, não se importando se havia mulheres inocentes e indefesas. Os bebês e as crianças foram destruídas por suas bombas. Mas porque eles são “mercenários”, foi lhes dado um nome glorificado para criar uma imagem aceitável para o público, isso não te comove.

Por serem referidos como pilotos “treinados pelos americanos”, porque são treinados pelos EUA, isso os tornou aceitáveis. “Cubanos anti-Castro”, isso os legitimou. Porque Castro é um monstro, então qualquer um que seja contra Castro aprovará qualquer coisa que eles fizerem no Congo. Eles colocam sua mente em uma caixinha e a levam para onde quiserem.

Mas isso é algo que você tem de observar e responder. Porque são aviões americanos, bombas americanas, escoltadas por paraquedistas americanos, armados com metralhadoras. Mas, você sabe, eles dizem que não são soldados, que estão lá apenas como acompanhantes, do mesmo modo como eles começaram como conselheiros no Vietnã do Sul. Vinte mil soldados – e são apenas conselheiros. Eles são apenas “acompanhantes”. Eles foram capazes de cometer esse genocídio e se safar disso rotulando-o de ação humanitária. Ou “em nome da libertação”, “em nome da liberdade”. Todos os tipos de slogans, na verdade, trata-se de assassinato a sangue-frio, de um holocausto. E isso é feito com tanta habilidade que você e eu, que nos consideramos sofisticados neste século XX, somos capazes de assistir e colocar o selo de aprovação sobre isso. Simplesmente porque isso está sendo feito por pessoas brancas contra pessoas de pele escura.

Eles pegaram um homem, que é um assassino, chamado Tshombe. Você já ouviu falar dele, Tio Tom Tshombe. Ele assassinou o primeiro-ministro, o legitimo primeiro-ministro Lumumba. Ele o assassinou. Agora, aqui está um homem, que é um assassino internacional, escolhido pelo Departamento de Estado americano e colocado como chefe de Estado do Congo com o dinheiro dos seus impostos. Ele é um assassino. Ele foi contratado pelo nosso governo. Ele é um assassino de aluguel. E para mostrar o tipo de matador de aluguel que ele é, assim que ele assumiu o cargo, ele contratou mais assassinos da África do Sul para abater seu próprio povo. E você se pergunta por que a imagem americana no exterior está tão falida. Repare o que eu disse: a imagem americana no exterior está falida. Eles tornaram este homem aceitável, dizendo a imprensa que ele era o único que podia unir o Congo. Um assassino. Eles não vão deixar a China nas Nações Unidas porque dizem que ela declarou guerra às tropas da ONU na Coréia. Tshombe declarou guerra às tropas da ONU em Katanga. Você dá dinheiro a ele e o sustenta. Você não usa o mesmo critério. Você usa o mesmo critério aqui, mas não usa lá.

Isso é verdade, todo mundo pode ver. Você se faz parecer bonzinho à vista do mundo tentando enganar as pessoas com suas artimanhas. Mas hoje sua cartola de truques está totalmente esgotada. O mundo inteiro pode ver o que você está fazendo. A imprensa estimula a histeria do público branco. Em seguida, ela muda de foco e começa a trabalhar para ganhar a simpatia do público branco. E depois muda de estratégia fazendo com que o público branco apoie qualquer ação criminosa em que os Estados Unidos estejam envolvidos.

Lembre-se de como eles se referiram aos reféns como “reféns brancos”. “Reféns”. Eles disseram que os “canibais” do Congo mantinham “reféns brancos”. E isso fez com que todos se comovessem. Freiras brancas, padres brancos, missionários brancos. Qual é a diferença entre um refém branco e um negro? Qual é a diferença entre uma vida branca e uma vida negra? Você deve achar que há diferença porque a imprensa especifica a branquitude. “Dezenove reféns brancos” fazem com que você sinta um pesar em seu coração. No entanto, quando bombas foram jogadas sobre centenas e milhares de negros, vocês não sentiram nada. E vocês não fizeram nada. Mas assim que alguns – um punhado de pessoas brancas estavam envolvidas no conflito – logo que suas vidas estavam em risco, vocês começaram a se preocupar.

Eu estive na África durante o verão quando eles – quando os mercenários e os pilotos estavam abatendo os africanos no Congo como moscas. Nem sequer foi mencionado na imprensa ocidental. Nada foi mencionado. Se foi mencionado, foi mencionado na seção de classificados do jornal. Em algum lugar onde você precisa de um microscópio para encontrá-lo. E naquela época os irmãos africanos, no começo, eles não tomaram pessoas como reféns. Eles só começaram a fazê-las reféns quando descobriram que esses pilotos estavam bombardeando suas aldeias. Aí, então, eles as fizeram reféns, e as levaram para a aldeia e avisaram aos pilotos que se eles jogassem bombas na vila, estariam atacando seu próprio pessoal. Foi uma manobra de guerra. Eles estavam em guerra. Eles só mantiveram um refém na aldeia para impedir que os mercenários matassem em massa as pessoas daquelas aldeias. Eles não os mantiveram como reféns porque eram canibais, ou porque achavam sua carne saborosa. Alguns desses missionários já estavam lá por quarenta anos e nunca foram comidos. Se eles quisessem comê-los, teriam comido quando estavam jovens e macios. Por que você não consegue digerir carne branca velha.

São produções de imagens. Eles usam a habilidade deles de produzir imagens e, em seguida, usam essas imagens para enganar as pessoas. Confundir as pessoas e fazê-las aceitarem o errado como certo e rejeitar o certo como errado. Fazer as pessoas realmente pensarem que o criminoso é a vítima e a vítima é o criminoso. Ao salientar isso, você pode perguntar: “O que isso tudo tem a ver com o negro na América? E o que isso tem a ver com as relações entre negros e brancos aqui em Rochester?”.

Você tem que entender isso. Até 1959, a imagem do continente africano foi criada pelos inimigos da África. A África era um continente dominado pelas potências europeias. E como esses europeus dominavam o continente africano, foram eles que criaram a imagem da África no exterior. E eles projetaram a África e seus povos com uma imagem negativa, uma imagem odiosa. Eles nos fizeram pensar que a África era uma terra de selvagens, uma terra de animais, uma terra de canibais. E porque eles foram tão bem-sucedidos em projetar essa imagem negativa da África, muitos de nós aqui no Ocidente, de descendência africana, os afro-americanos, nós olhávamos para a África como um lugar detestável. Nós olhávamos para o africano como uma pessoa detestável. E se alguém se referisse a nós como africano, era como nos colocar como servo, ou falar sobre nós da maneira que não queríamos. Por quê? Porque o opressor sabe que não pode fazer uma pessoa odiar a raiz sem fazê-la odiar a árvore. Você não pode odiar seu semelhante e não acabar odiando a si próprio. E como todos nós nos originamos da África, você não pode nos fazer odiar a África sem nos fazer odiar a nós mesmo. E eles fizeram isso muito habilmente. E qual foi o resultado? Eles conseguiram fazer com que 22 milhões de negros aqui na América odiassem tudo em nós que era africano. Nós odiávamos as características africanas. Nós odiávamos o nosso cabelo, o formato do nosso nariz, a forma dos nossos lábios, a cor da nossa pele. Sim nós fizemos isso. E foi você quem nos ensinou a nos odiar simplesmente nos levando astutamente a odiar a terra de nossos antepassados e o povo daquele continente.

Enquanto odiávamos essas pessoas estávamos odiando a nós mesmos. Enquanto odiávamos o que pensávamos que eles pareciam, odiávamos o que realmente parecia conosco. E vocês me chamam de pregador de ódio. Ora, vocês nos ensinaram a nos odiar. Vocês ensinaram o mundo a odiar toda uma raça de pessoas e têm a audácia de culpar-nos por odiá-los simplesmente porque tentamos tirar a corda que você coloca em nosso pescoço. Quando vocês ensinam um homem a odiar seus lábios, os lábios que Allah lhe deu, a forma do nariz que Allah lhe deu, a textura do cabelo que Allah lhe deu, a cor da pele que Allah lhe deu, vocês cometem o pior crime que um povo pode cometer. E esse foi o crime que vocês cometeram.

Nossa cor se tornou um cárcere, um cárcere psicológico. Nosso sangue – sangue africano – se tornou uma prisão psicológica, uma prisão porque nos envergonhávamos disso. Acreditávamos que eles diriam isso na sua cara, diriam que não eram eles. Nós nos sentíamos presos porque a nossa pele era negra. Sentíamo-nos aprisionados porque tínhamos sangue africano nas nossas veias. E foi assim que você nos aprisionou. Não apenas nos trazendo aqui e nos tornando escravos. Mas a imagem que você criou de nossa pátria e a imagem que você criou do nosso povo naquele continente foi uma armadilha, foi uma prisão, foi uma corrente, foi a pior forma de escravidão já inventada por um povo que supostamente se diz civilizado e uma suposta nação que se diz civilizada desde o início do mundo.

Você ainda vê resquícios disso entre o nosso povo neste país hoje. Porque odiávamos nosso sangue africano, nos sentíamos inadequados, nos sentíamos inferiores, nos sentíamos impotentes. E nesse estado de desamparo, não trabalharíamos para nós mesmos. Pediríamos ajuda a você e você não nos ajudaria. Nós não nos sentíamos adequados. Nós pedimos conselho a vocês e vocês nos deram conselho errado. Fomos em direção a vocês e vocês nos mantiveram andando em círculos. Mas uma mudança aconteceu em nós. E qual foi? Em 1955, na Indonésia, em Bandung, eles fizeram uma conferência de pessoas de cor. Os povos da África e da Ásia se reuniram pela primeira vez em séculos. Eles não tinham armas nucleares, não tinham frota aérea, nem marinha. Mas eles discutiram a situação deles e descobriram que havia uma coisa que todos nós tínhamos em comum – opressão, exploração e sofrimento. E nós tínhamos um opressor comum, um explorador comum.

Se um irmão viesse do Quênia ele chamaria seu opressor de inglês e o outro do Congo chamaria seu opressor de belga, o outro da Guiné chamaria seu opressor de francês. Mas quando eles juntaram todos os opressores, constataram que havia uma coisa que todos eles tinham em comum, eram todos da Europa. E esse europeu estava oprimindo o povo da África e da Ásia.

E como puderam constatar que tinham um opressor comum e um explorador comum, tristeza e pesar em comum, nosso povo começou a se reunir e determinou na Conferência de Bandung que era hora de esquecerem as diferenças. Eles tinham diferenças. Alguns eram budistas, alguns eram hindus, alguns eram cristãos, alguns eram muçulmanos, alguns não tinham religião alguma. Alguns eram socialistas, alguns eram capitalistas, alguns eram comunistas e alguns não tinham economia alguma. Mas apesar de todas essas diferenças, eles concordaram em uma coisa, o espírito de Bandung era, a partir daí, não enfatizar as áreas de diferenças e sim enfatizar as áreas em comum.

E foi o espírito de Bandung que alimentou as chamas do nacionalismo e da liberdade não apenas na Ásia, mas especialmente no continente africano. De 1955 a 1960, as chamas do nacionalismo, a independência do continente africano, tornaram-se tão brilhantes e tão furiosas que puderam queimar e varrer tudo o que se encontrava em seu caminho. E esse mesmo espírito não se limitou apenas ao continente africano. De alguma forma ou de outra – ele alcançou o Hemisfério Ocidental e penetrou no coração, na mente e na alma do homem afro-americano no Ocidente, que supostamente estava separado do continente africano há quase 400 anos.

Mas o mesmo desejo de liberdade que moveu o homem no continente africano começou a arder no coração, na mente e na alma do homem afro-americano aqui na América do Norte, na América do Sul e América Central, mostrando que não estávamos separados. Embora houvesse um oceano entre nós, ainda éramos movidos pela mesma pulsação. O espírito do nacionalismo no continente africano começou a desmoronar os poderes coloniais, eles não poderiam ficar lá. Os britânicos enfrentaram problemas no Quênia, na Nigéria, em Tanganica, em Zanzibar e em outras áreas do continente. Os franceses tiveram problemas em todo o Norte da África Equatorial incluindo a Argélia. Tornou-se um local problemático para a França. O povo do Congo não permitiu mais que os belgas permanecessem lá. Todo o continente africano tornou-se explosivo a partir de 1954, 1955 até 1959. Em 1959 eles não puderam mais ficar lá. Não foi uma saída voluntária, não foi porque, de repente, eles se tornaram benevolentes. Não foi porque, de repente, eles deixaram de querer explorar o homem negro e seus recursos naturais. Mas foi o espírito de independência que estava ardendo no coração e na mente do homem africano. Ele não se permitia mais ser colonizado, oprimido e explorado. Ele estava disposto a dar a sua vida e tirar a vida daqueles que tentavam tirar a sua, este era o novo espírito do homem africano.

Os poderes coloniais saíram. Mas o que eles fizeram? Sempre que uma pessoa está jogando basquete – se você observar – sempre que os jogadores da equipe adversária o prendem e ele não quer entregar a bola, ele passa para alguém que está livre, que joga no mesmo time que ele. E como a Bélgica, a França e a Grã-Bretanha e essas outras potências coloniais estavam presas – elas foram expostas como potências coloniais – tinham que encontrar alguém que ainda estivesse à espreita, e o único que estava em posição favorável para eles, eram os Estados Unidos. Então, eles passaram a bola para os Estados Unidos. E esta administração a pegou e desde então tem corrido como louco. Assim que agarraram a bola, perceberam que estavam diante de um novo problema. O problema era que os africanos haviam despertado. E em seu despertar, eles não sentiam mais medo. E porque não sentiam mais medo, se tornou impossível para as potências europeias permanecerem no continente à força. Então, nosso Departamento de Estado pegou a bola e em sua nova análise perceberam que precisavam usar uma nova estratégia se quisessem substituir as potências coloniais da Europa.

Qual foi a estratégia deles? A abordagem amigável. Em vez de ir até lá com os dentes cerrados, eles começaram a sorrir para os africanos: “somos seus amigos”. Mas para convencer o africano de que ele era amigo deles, ele teve que começar fingindo que eles eram nossos amigos.

O homem branco não estava sorrindo para você porque você foi mau. Ele estava tentando impressionar seu irmão do outro lado do oceano. Ele sorriu para você a fim de tornar o sorriso dele consistente. Ele começou a usar uma abordagem amigável por lá. Uma abordagem benevolente. Uma abordagem filantrópica. Chame isso de colonialismo benevolente, imperialismo filantrópico. Humanitarismo apoiado pelo dolarismo. Simbolismo. Essa foi a abordagem que eles usaram. Eles não foram para lá bem-intencionados. Como você pode sair daqui e ir para o continente africano com o Peace Corps e Cross Road e esses outros apetrechos enquanto você está enforcando afro-americanos no Mississippi? Como você pode fazer isso? Como você pode treinar missionários para supostamente ensinar sobre Cristo quando você não deixa um afro-americano frequentar a igreja cristã aqui em Rochester e muito menos no Sul. Você sabe que é algo para se pensar. Isso me deixa irritado quando penso nisso.

De 1954 a 1964 pode ser facilmente visto como a era do Estado africano emergente. E como o Estado africano emergiu de 1954 a 1964, que impacto, que efeito teve sobre os afro-americanos? Quando o homem na África se tornou independente, isso o colocou em posição de reconstruir sua própria imagem. Até 1959, quando você e eu pensávamos em um africano, pensávamos em alguém nu, vindo com tantãs, com ossos no nariz. Sim! Esta era a única imagem que você tinha de um africano. E a partir de 1959, quando eles começaram a participar da ONU e você começou a vê-los na televisão, você ficou chocado. Ali estava um africano que sabia falar inglês melhor que você. Ele era mais articulado que você. Ele tinha mais liberdade que você. Em lugares onde você não podia frequentar – lugares onde você não podia ir, tudo o que ele tinha de fazer era vestir as roupas tradicionais deles e passar por você. Isso te sacudiu. Foi só quando você se sentiu chocado que você realmente começou a acordar.

Assim quando as nações africanas começaram a ganhar sua independência e a imagem do continente africano começou a mudar, as coisas contribuíram para que a imagem da África mudasse de negativa para positiva. Subconscientemente, o homem negro em todo o Hemisfério Ocidental, em seu subconsciente, começou a se identificar com essa imagem africana positiva emergente.

E quando ele viu o homem do continente africano tomar uma posição, ele foi tomado por um desejo de tomar uma posição também. A mesma imagem, a mesma dinâmica, quando a imagem africana era negativa – e você ouvia sobre as posturas antigas, olhares comprometedores e temerosos – nós éramos da mesma maneira. Mas quando começamos a ler sobre Jomo Kenyatta e o Mau Mau e outros, então, você viu os negros aqui desse país, começarem a pensar na mesma linha. E muito mais intimamente na mesma linha do que alguns deles realmente querem admitir.

Quando eles viram – assim como tiveram de mudar sua abordagem com as pessoas no continente africano, eles também começaram a mudar a abordagem deles conosco aqui. Como usavam o simbolismo e muitas outras formas amigáveis e benevolentes de filantropia no continente africano, que não passavam de esforços simbólicos, começaram a fazer o mesmo conosco aqui nos Estados Unidos. Simbolismos. Eles criaram todos os tipos de programas que não eram planejados para resolver os problemas de ninguém. Cada ação que eles fizeram era uma ação simbólica. Eles nunca fizeram um esforço verdadeiro para resolver o problema. Eles vieram com uma decisão de não segregação da Suprema Corte, que eles ainda não colocaram em prática. Nem mesmo em Rochester, muito menos no Mississippi. Eles enganaram as pessoas do Mississipi, tentando fazer parecer que eles iriam integrar a Universidade do Mississippi. Eles levaram um afro-americano para a universidade com cerca de 6.000 a 15.000 soldados, acho que foi. E eu acho que a operação custou 6 milhões de dólares.

E três ou quatro pessoas foram mortas no ato. E foi apenas um ato. Agora, lembre-se, depois que um deles entrou, disseram que havia integração no Mississippi. Eles colocaram dois alunos em uma escola na Geórgia e disseram que havia integração na Geórgia. Você deveria ter vergonha. Realmente, se eu fosse branco me sentiria tão envergonhado que me esconderia debaixo de um tapete. E eu me sentiria tão baixo que me esconderia totalmente.

Este simbolismo foi um programa designado para proteger os interesses de alguns negros escolhidos a dedo. E eles receberam grandes ocupações, e depois foram usados para dizer ao mundo: “Veja quanto progresso estamos fazendo”. Ele deveria dizer, “olhe quanto progresso eu estou fazendo”. Enquanto esses negros escolhidos a dedo estavam comendo porco com a alta sociedade branca de Washington, D.C., as massas de afro-americanos deste país continuavam a viver na favela e no gueto. As massas de afro-americano neste país continuavam desempregados, continuavam indo para as piores escolas, recebendo a pior educação. Durante essa época apareceu um movimento conhecido como muçulmano negro. O movimento muçulmano negro fez isso: no momento em que o movimento muçulmano negro entrou em cena, a NAACP era considerado um movimento radical. Eles queriam investigá-lo. O CORE [Congresso da Igualdade Racial] e todos os outros movimentos estavam sob suspeita. King não era ouvido. Quando o movimento muçulmano negro surgiu com esse tipo de discurso, o homem branco disse: “Graças a Deus pela NAACP”. O movimento muçulmano negro tornou a NAACP aceitável para os brancos. Ele tornou seus líderes aceitáveis. Então, eles começaram a se referir a eles como líderes negros responsáveis. O que significava que eles eram responsáveis para os brancos. Agora eu não estou atacando a NAACP. Estou apenas falando sobre o processo. E não há nada de errado nisso, você não pode negar isso.

Essa foi a contribuição que esse movimento deu. Isso assustou muita gente. Muitas pessoas que não agiam por amor começaram a agir por medo. Como Roy [Wilkins] e [James] Farmer e alguns dos outros que costumavam dizer aos brancos, olhe se você não agir correto conosco, você vai ter de ouvi-los. Eles nos usaram para melhorar sua própria posição, seu próprio poder de barganha. Não importa o que você pense da filosofia do movimento muçulmano negro, quando você analisa o papel que ele desempenhou na luta dos afro-americanos durante os últimos doze anos, você tem que colocá-lo em seu contexto apropriado e vê-lo sob sua perspectiva correta. O movimento em si atraiu os elementos mais militantes, mais insatisfeitos, mais intransigentes e mais jovens da comunidade afro-americana.

O movimento em si supostamente se baseava na religião do Islã e, portanto, supostamente se tratava de um movimento religioso. Mas porque o mundo do Islã ou o mundo muçulmano ortodoxo nunca aceitou o movimento muçulmano negro como parte genuína da comunidade islâmica, este caiu em uma espécie de vácuo religioso. Colocou-nos em uma situação na qual nos identificávamos com uma religião cujo mundo onde essa religião é praticada nos rejeitava como sendo praticantes não fidedignos dessa religião. O governo também tentou nos manobrar e nos rotular como grupo político, e não como grupo religioso para que pudesse nos acusar de sedição e subversão. Esta foi a única razão. Mas embora fôssemos rotulados como movimento político, nunca nos deixaram participar da política, então caímos em um vácuo político. Nós caímos em um vácuo religioso e político. Na verdade, estávamos alienados, separados de todo tipo de atividade, mesmo com o mundo contra o qual estávamos lutando. Nós nos tornamos uma espécie de movimento híbrido político e religioso. Não envolvido em nada, apenas de pé nos bastidores condenando tudo. Mas sem condição de corrigir nada porque não conseguíamos tomar medidas.

Ao mesmo tempo, a força do movimento era tal que atraiu os ativistas. Aqueles que queriam ação. Aqueles que queriam fazer algo contra os males que os afro-americanos enfrentavam. Nós não estávamos particularmente preocupados com a religião do homem negro. Porque se ele era metodista, batista, ateu ou agnóstico, ele sofria o mesmo inferno.

Então pudemos ver que precisávamos de alguma ação, e aqueles de nós que eram ativistas se tornaram insatisfeitos e desiludidos. E finalmente, a dissensão se instalou e acabou nos dividindo. Aqueles que se separaram eram os verdadeiros ativistas do movimento que foram inteligentes o suficiente para aderir algum tipo de programa que nos permitisse lutar pelos direitos de todos os negros aqui no Hemisfério Ocidental.

Mas ao mesmo tempo queríamos continuar praticando nossa religião. Então, quando saímos, a primeira coisa que fizemos foi nos reagruparmos em uma nova organização conhecida como Mesquita Muçulmana Incorporated, com sede em Nova York. E nessa organização adotamos a verdadeira e ortodoxa religião do Islã, que é uma religião de fraternidade. De modo que, embora aceitando essa religião e criando uma organização que possibilitasse a prática dessa religião – imediatamente, a Mesquita Muçulmana Inc. foi reconhecida e endossada pelos oficiais religiosos do mundo muçulmano. Percebemos que temos um problema nessa sociedade que está além da religião. E foi por essa razão que montamos a Organização da Unidade Afro-americana, na qual qualquer pessoa da comunidade pode participar de um programa de ação destinado a promover o reconhecimento e o respeito absoluto dos negros como seres humanos.

E o lema da Organização da Unidade Afro-Americana da qual eu faço parte é Por Qualquer Meio Necessário. Não acreditamos em lutar uma batalha na qual as regras devem ser estabelecidas por aqueles que nos oprimem. Não acreditamos que podemos vencer uma batalha onde as regras básicas são estabelecidas por aqueles que nos exploram. Não acreditamos que podemos continuar lutando para ganhar o afeto daqueles que por tanto tempo nos oprimem e nos exploram.

Nós acreditamos que nossa luta é justa. Acreditamos que nossas reivindicações são justas. Acreditamos que as más práticas contra nós nesta sociedade são criminosas e que aqueles que se envolvem em tais práticas criminosas devem ser encarados como criminosos. E acreditamos que estamos dentro dos nossos direitos de combater esses criminosos por qualquer meio necessário. Isso não significa que somos a favor da violência. Mas constatamos que o governo federal mostrou sua incapacidade, sua absoluta falta de vontade de proteger a vida e a propriedade dos afro-americanos. Nós temos visto os racistas brancos se organizando, membros da Ku Klux Klan, do Conselho dos Cidadãos brancos, políticos e outros entrarem na comunidade afro-americana, pegar um homem negro e fazê-lo desaparecer e o governo não faz nada sobre isso.

Ao reanalisarmos nossa condição, vimos que em 1939 os negros na América estavam engraxando sapatos. Apesar de alguns possuírem qualificação, trabalhávamos como engraxate. Em Michigan, de onde eu vim, cuja capital é Lansing, os melhores empregos que você poderia conseguir na cidade eram carregando bandejas no clube para servir as pessoas brancas. E normalmente, o garçom do clube era considerado uma celebridade na cidade porque ele tinha um bom trabalho servindo os “bons” brancos da cidade.

Ele tinha qualificação, mas a ele só era permitido engraxar sapatos na State House. Engraxar os sapatos do governador e do procurador-geral o tornava “importante”, você sabe, porque ele poderia engraxar os sapatos dos brancos que ocupavam cargos importantes. Sempre que os brancos da cidade queriam saber o que estava acontecendo na comunidade negra, ele era o mensageiro deles. Ele era conhecido como o “negro da cidade”, o líder negro. E aqueles que não engraxavam sapatos, os pregadores também tinham voz na comunidade. Isso é tudo o que eles nos deixavam fazer: engraxar sapatos, servir as mesas e pregar.

Em 1939, antes de Hitler deflagrar o conflito, ou melhor na época, antes de Hitler começar o conflito, um afro-americano não podia sequer trabalhar em fábricas. Nós estávamos cavando valas na WPA [Administração para o Progresso de Obras]. Alguns de vocês esquecem rápido demais. Nós estávamos cavando valas na WPA. Nossa comida vinha da assistência social, elas eram carimbadas “Não pode ser vendido”. Eu tinha tantas coisas com esses rótulos que eu pensei que fosse o nome de uma loja em algum lugar. Esta era a condição em que o homem afro-americano estava, e isso até 1939… até a guerra começar, nós estávamos confinados a essas tarefas domésticas. Quando a guerra começou, eles nem sequer nos convocaram para o exército. Um homem negro não era recrutado. Ele era ou não era? Não! Você não podia entrar na marinha. Lembre-se disso? Não era recrutado. Isso foi no final de 1939 nos Estados Unidos da América!

Eles ensinaram você a cantar “Sweet Land of Liberty” e o resto dessas coisas? Não! Você não podia se juntar ao exército. Você não podia participar da marinha. Eles nem sequer recrutaram você. Eles só recrutavam pessoas brancas. Eles só começaram a nos recrutar quando um líder negro abriu sua boca grande, e falou: “Se as pessoas brancas devem morrer, nós também devemos morrer”.

Este líder negro é responsável pela morte de muitos negros que não precisariam morrer na Segunda Guerra Mundial. Então, quando a América entrou em guerra, imediatamente, ela se deparou com uma escassez de mão de obra. Antes da guerra, você não podia entrar em uma fábrica. Eu morava em Lansing, onde ficava a fábrica da Oldsmobile e da Reo. Havia cerca de três negros em toda a fábrica e cada um deles tinha uma vassoura. Eles tinham qualificação. Eles tinham ido para a escola. Eu acho que um tinha ido para a faculdade. Mas eles se tornaram “vassourologistas”. Quando os tempos ficaram difíceis e houve escassez de mão de obra, aí, eles resolveram nos deixar trabalhar nas fábricas. Não por causa de qualquer vontade própria. Não por causa de qualquer súbito despertar moral da parte deles. Mas foi porque eles precisavam de nós. Eles precisavam de mão de obra. Qualquer tipo de mão de obra. E quando eles estavam desesperados e necessitados, eles abriram as portas das fábricas e nos deixaram entrar. Então, começamos a aprender a operar máquinas quando precisaram de nós. Começaram a colocar tanto as nossas mulheres quanto os homens. Quando aprendemos a operar as máquinas, começamos a ganhar mais dinheiro. Quando começamos a ganhar mais dinheiro, pudemos viver em um bairro um pouco melhor. Quando nos mudamos para um bairro um pouco melhor, passamos a frequentar uma escola um pouco melhor. E quando fomos para aquela escola melhor, aprendemos um pouco mais e ficamos em uma posição um pouco melhor para conseguir um emprego. Mas não foi por causa de uma mudança espiritual da parte deles. Nem foi por causa de um súbito despertar de sua consciência moral. Foi por causa de Hitler, de [Hideki] Tojo e de Stalin.

Sim, foi a pressão externa mundial que permitiu que você e eu fizéssemos alguns avanços. Por que eles não nos prepararam e nos colocaram no exército antes? Eles nos tratavam tão mal que tiveram medo de nos colocar no exército, de nos dar uma arma e nos mostrar como atirar – eles temiam que não precisasse nos dizer para onde atirar.

E provavelmente, eles não permitiriam. Era a consciência deles. Então, eu ressalto isso para mostrar que não foi uma mudança de opinião por parte do Tio Sam que permitiu que alguns de nós dessem alguns passos à frente, mas foi a pressão mundial. Foi a ameaça externa que fez com que isso ocupasse sua mente e o forçou a permitir que você e eu avançássemos um pouco. Não porque ele queria que nós avançássemos. Ele foi forçado a fazer isso.

 E uma vez que você analisar corretamente os elementos que abriram as portas até o ponto em que eles foram forçados a aceitar, quando você entender o que foi, entenderá melhor sua condição hoje. E você entenderá melhor a estratégia que precisa usar hoje. Qualquer tipo de movimento pela liberdade dos afro-americanos baseado apenas nos termos estabelecidos pela América está absolutamente condenado ao fracasso.

Enquanto seu problema for combatido dentro do contexto americano, tudo o que você vai ter como aliados serão os compatriotas americanos. Desde que você chame isso de direitos civis, ele continuará sendo um problema doméstico dentro da jurisdição do governo dos Estados Unidos. E o governo dos Estados Unidos é formado por segregacionistas racistas. Por que os homens mais poderosos do governo são racistas? Este governo é controlado por trinta e seis comitês, vinte comissões parlamentares e dezesseis comitês de senadores. Treze dos vinte congressistas que compõem os comitês do Congresso são do Sul. Dez dos dezesseis senadores que controlam os comitês do senado são do Sul. O que significa que, dos trinta e seis comitês responsáveis pelos assuntos estrangeiros e domésticos do país em que vivemos, dos trinta e seis, vinte e três deles estão sob o controle dos racistas. Totalmente, sob o poder dos segregacionistas frios. Isso é o que você e eu estamos enfrentando. Nós estamos em uma sociedade onde o poder está nas mãos daqueles que representam o que há de pior da raça humana. Agora, como podemos evitar isso? Como vamos conseguir justiça em um congresso que eles controlam? Ou em um Senado que eles controlam? Ou em uma Casa Branca que eles controlam? Ou em um Supremo Tribunal que eles controlam?

Olhe a decisão lamentável que o Supremo Tribunal proferiu. Irmão, veja isso! Você sabe que esses homens da Suprema Corte são mestres em direito – não apenas da lei, mas da fraseologia legal. Eles são tão mestres na linguagem jurídica que poderiam facilmente ter passado a decisão de não segregação da educação, de modo que ninguém poderia contorná-la. Mas eles vêm com essa coisa redigida de tal modo que dez anos se passaram e há todo tipo de brechas nela. Eles sabiam o que estavam fazendo. Eles fingem dar-lhe alguma coisa, sabendo o tempo todo que você não poderá utilizá-lo.

O ano passado, eles vieram com uma lei de direitos civis que eles divulgaram como se ela fosse nos levar à terra prometida da integração. Sim! Na semana passada, o reverendo Dr. Martin Luther King saiu da prisão e foi para Washington, D.C., dizendo que vai insistir todos os dias por uma nova legislação para proteger o direito ao voto dos afro-americanos do Alabama.

Por quê? Você tem uma legislação. Você acabou de aprovar uma lei de direitos civis. Você quer me dizer que aquele projeto de lei de direitos civis amplamente divulgada nem dá ao governo federal poder suficiente para proteger os afro-americanos do Alabama que não reivindicam nada além do direito de votar? Este é outro truque sujo, porque eles nos enganam ano após ano. Outro truque sujo.

Então, uma vez que nós vemos … eu não quero que você pense que eu estou ensinando ódio. Eu amo todos os que me amam. Mas tenho certeza que não amo aqueles que não me amam. Já que vemos todos esses subterfúgios, esses truques, essas manobras – não só no nível federal, no nível nacional, no nível local, mas em todos os níveis. A nova geração de afro-americanos, que está chegando agora, pode ver que enquanto tiver que esperar pelo Congresso, Senado, Suprema Corte e pelo presidente para resolverem nossos problemas, terá de esperar sentado por mais mil anos.

Desde o projeto de lei dos direitos civis – eu costumava ver diplomatas africanos na ONU reclamando da injustiça praticada contra as pessoas em Moçambique, Angola, Congo, na África do Sul e fiquei imaginando como eles poderiam retornar para os hotéis deles, ligar a TV e ver cachorros mordendo afro-americanos bem no final do quarteirão. Policiais destruindo as lojas dos afro-americanos com seus tacos na mesma quadra, e lançando jatos de água cuja pressão era tão forte que rasgavam as nossas roupas. Isso tudo acontecia bem no final do quarteirão dos hotéis onde eles estavam hospedados. E eu me perguntava como eles podiam falar sobre o que estava acontecendo em Angola e Moçambique e tudo o mais, e ver isso acontecer a um quarteirão de seu hotel e depois subir no púlpito na ONU e não falar nada sobre isso.

Eu fui e discuti com alguns deles. E eles disseram que, enquanto o afro-americano classificar sua luta como direitos civis – ela continuará sendo assunto doméstico e permanecerá sob a jurisdição dos Estados Unidos. E se algum deles comentar algo sobre isso, é considerado uma violação das leis e das regras do protocolo. E essa era a diferença com as outras pessoas, elas não classificaram suas reivindicações como “direitos civis”, elas as classificaram como “direitos humanos”. “Direitos civis” estão sob a jurisdição do governo onde eles estão envolvidos. Mas os “direitos humanos” fazem parte da Carta das Nações Unidas.

Todas as nações que assinaram a carta da ONU formularam a Declaração dos Direitos Humanos e qualquer um que classifique suas reivindicações como violações dos “direitos humanos”, pode levar essas reivindicações para as Nações Unidas e discuti-las em um tribunal internacional. Enquanto você classificá-las de “direitos civis”, seus únicos aliados serão as pessoas do país, muitas das quais são responsáveis pelos problemas. Mas quando você classifica de “direitos humanos”, isso se torna internacional. Então, você pode apresentar seu problema diante de um tribunal internacional. Você pode apresentá-los perante ao mundo. E qualquer um, em qualquer lugar desta terra, pode se tornar seu aliado.

Então, uma das primeiras ações com as quais estamos envolvidos, aqueles que participam da Organização da Unidade Afro-Americana, é na apresentação de um programa que torne nossas reivindicações internacionais e leve o mundo ver que nosso problema não é mais um problema do afro-americano ou um problema americano, mas um problema humano. Um problema para a humanidade e um problema que deve ser atacado por todos os elementos da humanidade. Um problema tão complexo que é impossível para o Tio Sam resolvê-lo por ele mesmo. Portanto, queremos participar de organização ou de conferência com pessoas que enfrentam o mesmo problema para que nos ajudem a achar algum tipo de solução, antes que isso se torne tão explosivo a ponto de ninguém consegui controlar.

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