Cabanagem: uma revolução social amazônica

Em 6 de janeiro de 1835, com a tomada de Belém, era iniciada na Província do Grão-Pará (hoje estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia) a maior insurreição popular brasileira. A Cabanagem, que durou até 1840, foi “o mais notável movimento popular do Brasil, o único em que as camadas pobres da população conseguiram ocupar o poder de toda uma Província com certa estabilidade”, segundo Caio Prado Júnior.

A revolução social protagonizada por indígenas tapuias, negros e camponeses pobres durou 5 anos e derrotou o poder imperial em sucessivas batalhas. Com o povo armado ocupando as cidades e matando latifundiários e senhores de escravos, a Cabanagem foi a mais sangrenta guerra civil brasileira, deixando ao seu fim cerca de 40 mil mortos, após a violenta repressão da contrarrevolução. Seu nome deve-se ao fato dos protagonistas da rebelião morarem principalmente em cabanas às margens dos rios amazônicos.

Após um período marcado por desordens e motins, as relações conflituosas do Grão-Pará com o governo imperial foram se aprofundando e após a independência do Brasil em 1822, setores da elite local se articularam para derrotar e expulsar definitivamente os portugueses que se mantinham no poder da Província. A região seguiu marcada pelo isolamento da corte e uma profunda pobreza, com a situação político-social se deteriorando rapidamente.

Descontentes passam a defender a independência do Grão-Pará e as massas empobrecidas e escravizadas entram em cena. Após a tomada de Belém, o presidente da Província, o vice e comandantes militares são assassinados pelos rebeldes e seus corpos arrastados pelas ruas da cidade. Os sucessivos governos de Félix Malcher e Francisco Vinagre são derrubados após traírem as reivindicações cabanas, principalmente a independência e o fim da escravidão. Com novas batalhas vencidas, Eduardo Angelim assume o terceiro e último governo cabano, incorporando as reivindicações radicais e revolucionárias do povo, mas é derrubado em 1836 e as lutas sangrentas seguem até 1840, com a derrota dos cabanos e a retomada do controle da região pelo Império.

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