Programa da Organização da Unidade Afro-Americana – OUAA

Este programa deveria ter sido apresentado em 15 de fevereiro, mas como a casa de Malcolm foi bombardeada, sua apresentação foi adiada por uma semana, seria apresentado em 21 de fevereiro, o dia em que foi assassinado.

Assegurando a unidade… Promovendo a justiça… Transcendendo o compromisso…

Nós, afro-americanos, pessoas que se originaram da África e que agora residem na América, protestamos contra a escravidão e opressão infligidas a nós por essa estrutura de poder racista. Oferecemos aos afro-americanos oprimidos cursos de ação que irão derrotar a opressão, aliviar o sofrimento e transformar a luta sem resultado em ação significativa.

Confiantes de que nosso propósito será alcançado, nós, afro-americanos de todas as classes sociais, tornamos conhecidos os seguintes procedimentos:

ESTABELECIMENTO

Tendo declarado nossa determinação, confiança e resolução, a Organização da Unidade Afro- Americana é fundada no dia 15 de fevereiro de 1965, na cidade de Nova York.

Sobre este estabelecimento, o povo afro-americano lançará uma revolução cultural que fornecerá os meios para restaurar nossa identidade que vai nos unir culturalmente, psicologicamente e economicamente com nossos irmãos e irmãs no continente africano para que possamos compartilhar os doces frutos da liberdade contra a opressão e a independência dos governos racistas.

1. A Organização da Unidade Afro-Americana acolhe todas as pessoas de origem africana que queiram juntar-se a nós para contribuírem com suas ideias, habilidades e suas vidas a fim de libertar nosso povo da opressão.

2. As filiais da Organização da Unidade Afro-Americana podem ser estabelecidas por pessoas de descendência africana, onde quer que estejam e qualquer que seja sua ideologia – desde que sejam descendentes da África e dedicadas a nosso único objetivo: a liberdade da opressão.

3. O programa básico da Organização da Unidade Afro-Americana, que está sendo apresentado hoje, pode e deverá ser modificado pelos membros, levando em consideração as condições nacionais, regionais e locais que requerem tratamento flexível.

4. A Organização da Unidade Afro-Americana incentiva a participação ativa de cada membro, pois entendemos que todo afro-americano tem algo a contribuir para a nossa liberdade. Assim, cada membro será incentivado a participar do comitê de sua escolha.

5. Cientes das diferenças que foram criadas entre nós por nossos opressores, para nos manter divididos, a Organização da Unidade Afro-Americana se esforça para ignorar ou neutralizar essas divisões artificiais concentrando nossas atividades e nossa lealdade em nosso único objetivo: libertar-se da opressão.

PROPÓSITOS E OBJETIVOS BÁSICOS

Autodeterminação

Declaramos que nós, afro-americanos, temos o direito de dirigir e controlar nossas vidas, nossa história e nosso futuro, ao invés de ter nossos destinos determinados pelos racistas americanos, estamos determinados a redescobrir nossa verdadeira cultura africana que foi esmagada e negada por mais de quatrocentos anos, a fim de nos escravizar e nos manter escravizados até hoje.

Nós, afro-americanos – escravizados, oprimidos e negados por uma sociedade que se proclama a defensora da democracia – estamos determinados a redescobrir nossa história, promover os talentos reprimidos pelos escravocratas racistas, renovar a cultura que foi esmagada por um governo escravagista e, assim, nos tornar um povo livre novamente.

Unidade Nacional

Sinceramente, acreditamos que o futuro dos afro-americanos depende de nossa capacidade de unir nossas ideias, habilidades, organizações e instituições.

Nós, membros da Organização da Unidade Afro-americana, comprometemo-nos a unir mãos e corações com todas as pessoas de origem africana em uma grande aliança, esquecendo todas as diferenças que a estrutura de poder criou para nos manter divididos e escravizados. Comprometemo-nos a fortalecer nosso laço comum e nos esforçamos para a realização de um objetivo: libertação da opressão.

O PROGRAMA DE UNIDADE BÁSICA

O programa da Organização da Unidade Afro-Americana deve se desenvolver a partir de cinco pontos estratégicos que são considerados básicos e fundamentais para a nossa nobre aliança. Através de nossos comitês, procederemos conforme as seguintes áreas gerais.

I. Restauração

Para escravizar o africano, foi necessário que os escravagistas cortassem completamente nossas comunicações com o continente e com os africanos que lá permaneceram. A fim de nos libertar da opressão dos escravocratas, é absolutamente necessário que os afro-americanos restaurem a comunicação com a África.

A Organização da Unidade Afro-Americana realizará esse objetivo por meio de jornais nacionais e internacionais independentes, empreendimentos editoriais, contatos pessoais e outros meios de comunicação disponíveis.

Nós, afro-americanos, devemos também comunicar uns aos outros as verdades sobre a escravidão americana e seus terríveis efeitos sobre o nosso povo. Devemos estudar o moderno sistema de escravidão a fim nos libertarmos dele. Devemos examinar todos os fatos despidos e cruciantes sem vergonha porque ainda somos vítimas, ainda somos escravizados – ainda somos oprimidos. Nossa única vergonha é acreditar na mentira e não buscar a verdade.

Precisamos aprender tudo o que pudermos sobre nós mesmos. Precisamos saber toda a história sobre como fomos sequestrados da África, como nossos ancestrais foram brutalizados, desumanizados e assassinados, como somos continuamente mantidos em um estado de escravidão para o lucro de um sistema concebido em escravidão, construído por escravizados e projetado para nos manter escravizados.

Devemos começar a nos reeducar e nos tornar ouvintes atentos, a fim de aprender o máximo possível sobre o progresso da nossa pátria – a África. Devemos desconstruir em nossas mentes a imagem distorcida que o escravocrata projetou em nós sobre a África, a fim de nos desencorajar a restabelecer a comunicação com África e, assim, obter a libertação da opressão.

II. Reorientação

A fim de manter os afro-americanos escravizados foi necessário limitar nosso pensamento à América – para nos impedir de relacionar nossos problemas com os problemas de outros povos de origem africana. Isso nos levou a pensar que éramos uma minoria isolada, sem aliados, em nenhum lugar.

A Organização da Unidade Afro-Americana desenvolverá no povo afro-americano uma profunda consciência de nosso relacionamento com o mundo em geral e esclarecerá nossos papéis, direitos e responsabilidades como seres humanos. Podemos alcançar esse objetivo tornando-nos bem informados sobre assuntos mundiais e entendendo que nossa luta é parte de uma luta mais ampla contra todas as formas de opressão entre povos oprimidos em todo o mundo. Devemos mudar o pensamento dos afro-americanos, libertando nossas mentes através do estudo de filosofias, psicologias, culturas e línguas produzidas por nosso povo. Providências estão sendo tomadas para a oferta de idiomas como o suaíli, o hauçá e o árabe. O estudo dessas línguas dará ao nosso povo acesso às ideias e a história da humanidade em geral e, assim, aumentará nosso escopo mental.

Podemos aprender muito sobre a África por meio da leitura de livros informativos e ouvindo as experiências daqueles que viajaram para lá, mas muitos de nós podemos viajar para o continente por escolha própria e ter nossa própria experiência. A Organização da Unidade Afro-Americana incentivará os afro-americanos a viajarem para a África, Caribe e outros lugares onde nossa cultura não foi completamente destruída pela brutalidade e crueldade do colonialismo.

III. Educação

Depois de escravizar-nos, os senhores de escravos desenvolveram um sistema educacional racista que justificava a sua posteridade as más ações cometidas contra o povo africano e seus descendentes. Muitas vezes, o próprio escravizado participa tão completamente deste sistema que ele legitima a sua própria condição de escravizado e oprimido.

A Organização da Unidade Afro-Americana elaborará métodos e procedimentos educacionais originais que libertarão as mentes de nossos filhos das mentiras e distorções com as quais fomos alimentados desde o berço para nos manter mentalmente escravizados. Vamos encorajar os próprios afro-americanos a estabelecer institutos experimentais e oficinas educativas, escolas de libertação e creches nas comunidades afro-americanas.

Iremos influenciar a escolha de livros didáticos e equipamentos usados por nossas crianças nas escolas públicas e, ao mesmo tempo, incentivar os afro-americanos qualificados a escreverem e publicarem os livros didáticos necessários para libertar nossas mentes. Até controlarmos completamente nossas próprias instituições educacionais, devemos complementar o treinamento formal de nossos filhos, educando-os em casa.

IV. Segurança Econômica

Após a Proclamação da Emancipação, quando o sistema escravocrata mudou da escravidão servil para a escravidão assalariada, percebeu-se que os afro-americanos constituíam o maior grupo étnico homogêneo que tinha uma origem comum e experiência de grupo comum nos Estados Unidos e, se fosse permitido a eles liberdade econômica ou política, em um curto período eles possuiriam este país. Portanto, os racistas desse governo desenvolveram técnicas a fim de manter o povo afro-americano economicamente dependente dos senhores de escravos – economicamente escravizados – escravizados do século XX.

A Organização da Unidade Afro-Americana tomará medidas necessárias para libertar nosso povo da escravidão econômica. Uma maneira de conseguir isso será manter um grupo de técnicos. Da mesma forma que os bancos de sangue foram criados para fornecer sangue àqueles que precisam no momento em que é necessário, devemos estabelecer um banco técnico. Precisamos fazer isso para que as nações recém independentes da África possam recorrer a nós, seus irmãos afro-americanos, os técnicos de que precisarão agora e no futuro. Assim, estaremos desenvolvendo um mercado aberto para desenvolver as muitas habilidades que possuímos e, ao mesmo tempo, estaremos fornecendo à África as habilidades que ela pode utilizar da melhor maneira possível. Este projeto será, portanto, de cooperação mútua e benefícios mútuos.

V. Autodefesa

A fim de escravizar um povo e mantê-lo subjugado, seu direito à autodefesa deve ser negado. Ele deve ser constantemente aterrorizado, brutalizado e assassinado. Essas táticas de supressão foram desenvolvidas para um novo patamar por racistas cruéis com quem o governo dos Estados Unidos parece pouco disposto ou incapaz de lidar em termos da lei deste país. Antes da emancipação, foi o negro quem sofreu humilhação, tortura, castração e assassinato. Recentemente, nossas mulheres e crianças, cada vez mais, estão se tornando vítimas de racistas selvagens cujo apetite por sangue aumenta diariamente e cujos atos de depravação parecem ser abertamente encorajados por todas as agências policiais. Mais de 5 mil afro-americanos foram linchados desde a Proclamação da Emancipação e nenhum assassino foi levado à justiça.

A Organização da Unidade Afro-Americana, ciente da violência crescente que vem sendo cometida contra os afro-americanos e da sanção aberta a esta violência e assassinatos pelos departamentos de polícia e pelas agências federais de todo país – afirmamos nosso direito e obrigação de nos defender a fim de sobreviver como povo.

Encorajamos os afro-americanos a se defenderem contra os ataques arbitrários dos agressores racistas cujo único objetivo é nos negar as garantias da Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas e da Constituição dos Estados Unidos.

A Organização da Unidade Afro-Americana tomará as medidas necessárias para garantir a sobrevivência do povo afro-americano em face a agressão racista e garantir a defesa de nossas mulheres e crianças. Temos o direito de garantir segurança ao povo afro-americano, que cumpre suas obrigações com o governo dos Estados Unidos (pagamos impostos e servimos nas forças armadas deste país como cidadãos americanos) assim, também exigimos desse governo as obrigações que ele nos deve como povo, caso contrário cumpriremos essas obrigações por nós mesmos. Desnecessário dizer que, entre esse número, incluímos a proteção de certos direitos inalienáveis, como a vida, a liberdade e a busca da felicidade.

Em áreas onde o governo dos Estados Unidos se mostrou incapaz ou relutante em levar à justiça os opressores racistas, assassinos que matam crianças e adultos inocentes, a Organização da Unidade Afro-Americana defende que o povo afro-americano se assegure de que a justiça seja feita – seja qual for o preço e o meio necessário.

PREOCUPAÇÃO NACIONAL

Terminologia geral

Nós afro-americanos nos sentimos receptivos a todos os povos de boa vontade. Não nos opomos a associações multiétnicas de qualquer classe social. De fato, tivemos experiências que nos permitem entender como é lamentável que os seres humanos tenham sido separados ou isolados um do outro por causa de características conhecidas como “raciais”.

No entanto, os afro-americanos não criaram o histórico de preconceito e a atmosfera em que vivemos. E devemos encarar os fatos. Uma sociedade “racial” existe de fato e não há igualdade para os negros. Assim, nós, que não somos brancos, devemos enfrentar os problemas herdados de séculos de desigualdades e lidar com as situações atuais da forma mais racional possível.

A qualidade étnica exclusiva de nossa unidade é necessária para a autopreservação. Dizemos isso porque nossas experiências apoiadas pela história comprovam que a cultura africana e a cultura afro-americana não são reconhecidas e relatadas com precisão e não podem ser respeitosamente expressas nem asseguradas para sua sobrevivência se permanecermos como vítimas divididas e, portanto, indefesas de uma sociedade opressora.

Apreciamos o fato de que quando as pessoas envolvidas têm de fato igualdade e justiça, a mistura étnica pode ser benéfica para todos. Devemos denunciar, no entanto, todas as pessoas que são opressivas através de suas políticas ou ações e que são injustas nas suas relações com outras pessoas, se as injustiças procedem de poder, classe ou “raça”. Devemos estar unidos para nos proteger contra o abuso ou uso indevido.

Consideramos a palavra “integração” um termo falso e enganoso. Isso traz certas implicações às quais os afro-americanos não podem aderir. Essa terminologia foi aplicada aos atuais projetos de regulamentação que são supostamente “aceitáveis” para algumas classes da sociedade. Esse termo muito “aceitável” implica alguma superioridade ou inferioridade inerente, ao invés de reconhecer a verdadeira fonte das desigualdades envolvidas.

Observamos que o uso do termo “integração” foi designado e promovido por aquelas pessoas que esperam perpetuar com um tipo de discriminação étnica e que pretendem manter o controle social e econômico de todos os contatos humanos por meio de imagens, classificações, cotas e manipulações baseadas na cor, origem nacional ou características e antecedentes “raciais”.

A avaliação cuidadosa das experiências recentes mostra que a “integração” descreve realmente o processo pelo qual uma sociedade branca (permanece) em posição de usar, sempre que escolher usar e como querer usar, os melhores talentos de pessoas não-brancas. Esta rede de poder continua a construir uma sociedade em que as melhores contribuições dos afro- americanos, na verdade, de todas as pessoas não-brancas, continuariam a ser absorvidas sem notoriedade ou exploradas para beneficiar alguns poucos afortunados enquanto ambas as massas brancas e não-brancas permaneceriam em condições desiguais e sem recursos.

Estamos conscientes de que muitos de nós não possuem treinamento suficiente e são desprovidos e despreparados. Esse despreparo decorre da opressão, da discriminação, do desânimo, do desespero e resignação. Mas quando não estamos qualificados, e onde estamos despreparados, devemos nos ajudar mutuamente e elaborar planos para melhorar nossa própria condição enquanto afro-americanos. Então, nossas afirmações em relação à plena oportunidade podem ser feitas com base na igualdade, em oposição ao premeditado simbolismo da “integração”. Portanto, devemos rejeitar este termo como aquele usado por todas as pessoas que pretendem enganar os afro-americanos.

Outro termo, “Negro”, que é usado erroneamente e é degradante aos olhos de pessoas informadas e respeitáveis de descendência africana. Denota traços de caráter estereotipados e degradados e classifica todo um segmento da humanidade com base em informações falsas. De todos os pontos de vista inteligentes, é um emblema da escravidão e ajuda a prolongar e perpetuar a opressão e a discriminação.

As pessoas que reconhecem o impulso emocional e a simples demonstração de desrespeito pelo uso de “nigra” pelo sulista e o uso geral de “nigger” também devem perceber que todas as três palavras são essencialmente as mesmas. Os outros dois termos, “nigra” e “nigger” são abjetas e depreciativas. Aquela que representa uma suposta respeitabilidade, “Negro”, é apenas a mesma substância embrulhada em papel de presente e escrito com uma letra maiúscula. Este refinamento é adicionado para que uma terminologia degradante possa ser legitimamente usada na literatura geral e na conversa “polida” sem constrangimento.

O termo “Negro” se desenvolveu a partir de uma palavra da língua espanhola, que significa “preto”, isto é, a cor preta. Em linguagem simples, se alguém dissesse ou fosse chamado de “Negro” até mesmo uma criança naturalmente questionaria: “um Negro, o que é?” ou “um escuro o que é?”. Porque adjetivos não nomeiam, eles qualificam. Por favor, perceba que, a fim de fazer uso deste mecanismo, uma palavra foi transferida de outra língua e enganosamente alterada de sua função de adjetivo para substantivo, que é uma palavra usada para nomear. Sua aplicação no sentido nominativo (nomeação) foi intencionalmente usada para retratar pessoas em posição de objetos ou “coisas”. Ela marca o artigo como sendo “todos iguais”. Denota: um “neguinho”, um escravo, um subumano, um ex-escravizado, um “Negro”.

Os afro-americanos devem reanalisar e, particularmente, questionar nosso próprio uso desse termo, tendo em mente todos os fatos. À luz dos significados históricos e implicações atuais, todos os afro-americanos e africanos inteligentes e informados continuam a rejeitar seu uso na forma substantiva, bem como um adjetivo apropriado. Seu uso deve continuar a ser considerado como questionável e censurável ou deliberadamente ofensivo, seja na fala ou na escrita.

Considerações gerais

Afro-americanos, como todas as outras pessoas, têm direitos humanos que são inalienáveis. Isto é, esses direitos humanos não podem ser legalmente ou justamente transferidos para outro. Nossos direitos humanos pertencem a nós, como os de todas as pessoas, este nos foi concedido por Allah, não foi por causa dos desejos, nem de acordo com os caprichos dos homens.

Devemos considerar esse fato e outras razões pelas quais uma Proclamação de “Emancipação” não deve ser reverenciada como um documento de libertação. Qualquer aceitação prévia de fé em tal documento foi baseada no sentimento, não na realidade. Este é um assunto sério que nós, afro-americanos, devemos continuar a reavaliar.

O significado etimológico da palavra emancipação é: “transferir ou transformar algo em propriedade por meio de um ato formal de um comprador”. Devemos observar e lembrar que os seres humanos não podem ser simplesmente comprados ou vendidos, nem podem ter seus direitos legais simplesmente retirados.

A escravidão era, e ainda é, uma instituição criminosa, isto é: crime em massa. Não importa qual seja a forma, as regras e políticas sutis, apartheid, etc., a escravidão e a negação dos direitos humanos são os maiores crimes contra Allah e a humanidade. Portanto, relegar ou mudar o estado de tais atos criminosos por meio de uma legislação vaga e eufemismos nobres que conferem honra a compromissos horríveis que são totalmente inapropriados.

As implicações totais e as colheitas concomitantes foram geralmente mal interpretadas pelos nossos antepassados e ainda são mal compreendidas ou evitadas por alguns afro-americanos hoje. No entanto, os fatos permanecem e nós, como esclarecidos afro-americanos não vamos elogiar e encorajar qualquer crença na emancipação. Afro-americanos em todos os lugares devem perceber que manter a fé em tal ideia significa aceitar ser propriedade e, portanto, menos que um ser humano. Este assunto é crucial e os afro-americanos devem continuar a reexaminar.

PREOCUPAÇÕES MUNDIAIS

Passou-se muito tempo para nós internacionalizarmos os problemas dos afro-americanos. Temos sido muito lentos em reconhecer a ligação do destino dos africanos com o destino dos afro-americanos. Temos ignorado demais e sido mal orientados para pedir aos nossos irmãos e irmãs africanos que nos ajudem a reparar a corrente da nossa herança.

Nossos parentes africanos, que são maioria em seu próprio país, acharam muito difícil obter a independência de uma minoria. É muito mais difícil para os afro-americanos que são minoria longe da pátria e ainda oprimidos por aqueles que encorajam o esmagamento de nossa identidade africana.

Podemos apreciar o progresso material e reconhecer as oportunidades disponíveis na sociedade americana altamente industrializada e abastada. No entanto, nós, que não somos brancos, enfrentamos diariamente as misérias decorrentes direta ou indiretamente de uma discriminação sistemática contra nós por causa de nossas características físicas dadas por Allah. Esses fatores nos levam a lembrar que o fato de termos nascido na América foi um ato resultante da separação de nossos antepassados da África, não por escolha, mas pela força.

Por muitos anos temos estado divididos por causa dos enganos e mal-entendidos criados pelos escravocratas, mas queremos aqui e agora expressar nossos desejos e intenções de nos aproximarmos e sermos restaurados em conhecimento e espírito através de relações renovadas e parentesco com os povos africanos. Além disso, percebemos que nossos direitos humanos, por tanto tempo suprimidos, são os direitos de toda a humanidade em todos os lugares.

À luz de todas as nossas experiências e conhecimento do passado, nós, como afro-americanos, declaramos reconhecimento, simpatia e admiração por todos os povos e nações que estão lutando, assim como nós, pela autorrealização e completa libertação da opressão.

O projeto de lei dos direitos civis é um documento de legislação igualmente enganoso e mal interpretado. A premissa de seu planejamento e aplicação não é respeitável aos olhos dos homens que reconhecem o que envolve e implica a liberdade pessoal. Os afro-americanos precisam responder a essa pergunta por si mesmos: o que torna esse projeto de lei necessário?

O único documento que está em consonância com os atos perpetuados pela escravidão e opressão prolongados até hoje é a Declaração da Condenação. E a única legislação digna de consideração ou validação por parte dos afro-americanos, as vítimas dessas instituições trágicas, é a Proclamação de Restituição. Nós, afro-americanos, devemos manter esses fatos em mente.

Temos de continuar a internacionalização de nossas filosofias e contatos a fim de usufruir plenamente dos direitos humanos que incluem todos os direitos civis pertencentes. Com o total entendimento de nossa herança como afro-americanos, não devemos fazer menos.

Comitês da Organização da Unidade Afro-Americana: Comitê da Cultura; Comitê Econômico; Comitê Educacional; Comitê Político; Comitê de Comunicação; Comitê Social; Comitê de Autodefesa; Comitê da Juventude; Comitês de Pessoal: Finanças, Arrecadação de fundos, Jurídico, Filiação.

Para maiores informações sobre a Organização da Unidade Afro-americana, escreva para: Organization of Afro-American Unity, 2090 Seventh Ave., Suite 128, New York, 27, N.Y.

Para respostas rápidas, envie sua correspondência para um comitê em particular. Por exemplo, se você estiver interessado em participar ou se filiar em um capítulo, escreva para: Comitê de Filiação, Organization of Afro-American Unity, 2090 Seventh Ave., Suite 128, New York 27, N.Y.

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