DARCY RODRIGUES, PRESENTE!

Recebemos ontem a triste notícia da partida do nosso querido Darcy Rodrigues. O ex-sargento e guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), nos deixou aos 80 anos, após uma infecção generalizada em Bauru (SP), onde estava internado.

Darcy nasceu em 1941 em Avaí, interior de São Paulo, cursou a Escola de Sargentos e Armas e em 1962 assumiu o posto de sargento no Quartel de Quitaúna, em Osasco (SP). Foi membro do Clube dos Sargentos e ingressou na VPR, participou da ação de expropriação de armas no 4º RI e do campo de treinamento no Vale do Ribeira. Preso pela OBAN e libertado após a troca dos 40 presos políticos pelo embaixador alemão, capturado pela VPR e ALN, seguiu para Argélia e depois viveu exiliado em Cuba até 1980, quando retornou ao Brasil.

Abaixo, um trecho da Nota de Abertura, escrita por Darcy, para o nosso livro “Lamarca – Ousar Lutar, Ousar Vencer”:

Lamarca, me honraste chamando-me “mano”. Me honras, me envaideces, porém, me entristece. Quisera eu estar ao seu lado naquele fatídico dia de seu assassinato no sertão baiano.

Recebi a notícia do seu assassinato através de notícia veiculada pela “rádio relógio” em Havana – Cuba. Me recordo que no dia 26 de julho de 1970 fui levado à praça da Revolução para assistir o Ato em Homenagem ao 20º. Aniversário do Assalto ao Quartel Moncada.

A praça estava tomada com cerca de 2 milhões de pessoas e eu estava embriagado de emoção. Foi aí que começou um corre-corre e o oficial que me acompanhava arrastou-me pelo braço até a escada onde o comandante Fidel Castro subiria até o palanque oficial.

O tenente Daniel (Olaff) dirigindo-se a Fidel gritou em voz alta: — Comandante, Darcy Rodrigues. Fidel olhou-me rapidamente e desvencilhando-se dos seguranças, que o arrastavam até o palanque, gritou com sua voz de comando: — Lugarteniente de Lamarca, hay que traerlo, sin que se muera, hay que traerlo.

As palavras de Fidel ecoam nos meus ouvidos até hoje e continuarão ecoando pelo resto de minha vida.

Um ex-soldado que serviu sob o comando de Lamarca ao referir-se a ele no Memorial da Resistência me falou: — Os heróis não morrem, apenas mudam de dimensão.

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