Entrevista inédita com Joaquim Câmara Ferreira, o Comandante Toledo  

Cuba, outubro de 1970 [1]

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Há um ano Marighella morreu assassinado, desde então caiu sensivelmente o nível da guerrilha urbana no Brasil e não teve início a guerrilha rural que anunciavam para o ano de 1969. Isto significa que são menores hoje as possibilidades da revolução no Brasil?

Joaquim Câmara Ferreira: Absolutamente, e isto por duas razões: 1) As causas que determinaram o aparecimento da consciência da necessidade da luta armada no Brasil se apresentam hoje de maneira mais evidente. Vivemos sob uma ditadura militar fascista, cada vez mais ditadura, cada vez mais fascista. Se desde 1964 deixou de existir qualquer tipo de liberdade, agora ela se institucionalizou de uma vez por todas, só há um poder, o de um pequeno grupo de generais que, por este mesmo mandato faz o jogo dos grandes capitalistas e senhores de terras, assim também, como o dos imperialistas, particularmente, do imperialismo norte-americano.

Como consequência disto, o povo sofre cada vez mais, a ditadura acentua enormemente os traços negativos tradicionais do Estado brasileiro, porque agora não há como lutar contra eles, ou tentar neutralizá-los em parte, dentro da lei. Veja, por exemplo, um aspecto que interessa aos trabalhadores: os salários em nosso país sempre foram muito baixos, absolutamente insuficientes para que o trabalhador tivesse uma vida digna como determina a Constituição, entretanto, através de greves e manifestações os trabalhadores conseguiam a cada quatro, seis ou doze meses reajustes salariais razoáveis que recompunham o salário real. Desde 1964, entretanto, com a proibição rigorosa de greves e manifestações operárias, a intervenção nos sindicatos, etc., tornou-se impossível qualquer tipo de resistência válida ao chamado “arrocho salarial” do governo. E o resultado é que o poder aquisitivo do salário médio do trabalhador diminuiu cerca de 35% nestes seis anos; somente de 1969 para 1970 o salário-mínimo sofreu uma perda de 4%, enquanto o aumento dos preços foi de 24% e o do salário-mínimo de apenas 20%. É evidente que isto provoca um enorme descontentamento na classe operária e dada a importância material das greves, que quando ocorrem são sempre reprimidas com terrível violência, como aconteceu em Osasco, no estado de São Paulo e nos arredores de Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1968, os trabalhadores se convencem facilmente de que só com a derrubada da ditadura poderão conquistar melhores condições de vida e um número cada vez maior vai entendendo que só através da luta armada isso será possível.

O mesmo acontece com os estudantes, com os intelectuais, com muitos elementos das camadas médias. O ensino está cada vez mais sob controle do governo e dos norte-americanos, e é cada vez mais orientado no sentido da formação de elites intelectuais de filhos de ricos. O curso universitário deixou de ser gratuito; as residências estudantis de muitas universidades foram fechadas e o governo estimula a criação de faculdades particulares que cobram preços exorbitantes. A infiltração policial é enorme e as críticas e protestos contra qualquer aspecto da política governamental conduzem a prisões e perseguições. Os intelectuais e professores são também perseguidos, tanto os cientistas quanto os professores são obrigados a exilar-se no exterior ou simplesmente forçados a trabalhar no estrangeiro.

Os impostos são cada vez mais espantosos, as pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades cada vez maiores, e não podem enfrentar as concorrências maiores que em geral são empresas norte-americanas, e dentro do violento processo de concentração de capitais que caracteriza a economia brasileira neste período, ou vão à falência ou são obrigadas a associar-se ao capital estrangeiro, perdendo rapidamente os capitalistas brasileiros o controle de suas empresas. Inclusive um destacado elemento da política governamental, o candidato Hilário Torloni, reconhecia há pouco que 81% das empresas de São Paulo são norte-americanas.

Por outro lado, a situação no campo é trágica; os assalariados agrícolas das regiões mais desenvolvidas recebem salários abaixo do salário-mínimo legal se querem trabalhar; não têm assistência médica nem direito algum, vivem amontoados nas periferias das cidades do interior e são contratados em um verdadeiro mercado de carne humana nas madrugadas, da mesma maneira que nos antigos mercados de escravos, são escolhidos primeiro os que apresentam melhor aspecto físico, garantia de rendimento à fazenda. No Nordeste, o governo criou as “Frentes de Trabalho” que são verdadeiros campos de concentração; ninguém pode entrar ali sem ordem do comando militar, o salário é de dois cruzeiros novos por dia, menos de meio dólar. Apesar de toda a censura os jornais dão notícias frequentes de casos de epidemias e de mortes por fome. A escravidão pura e simples nas grandes fazendas do Pará, do sul do Maranhão, de Goiás, do Mato Grosso são outra coisa que os jornais frequentemente apresentam; por outro lado os pequenos e médios agricultores enfrentam toda sorte de dificuldades porque seus produtos não alcançam preço remunerativo nas colheitas; caem assim nas mãos dos intermediários financiados pelos bancos. Tudo isto gera uma profunda revolta nas grandes massas da cidade e do campo, revolta que não se traduz, todavia em ação porque não há um elemento de aglutinação e orientação, e por isto dizia que as condições subjetivas para a violência revolucionária permanecem atuais em nosso país.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Mas vai haver eleições agora?

Joaquim Câmara Ferreira: É verdade. O governo consentiu na realização de eleições parlamentares, mas só existem dois partidos, o partido do governo e o da “oposição” por ele permitida. É uma “oposição” castrada, cujos elementos mais combativos foram cassados e marginalizados, uma “oposição” sui generis que se enquadra no regime. O povo está desinteressado disto, sabe que com o voto não conseguirá mudar nada; por isto mesmo, a maioria absoluta das forças de esquerda está recomendando a anulação do voto. O boicote é uma arma difícil na situação presente, porque muita gente para receber salário tem que apresentar o título de eleitor assinado. Por isto estamos certos de que a alta porcentagem de votos nulos se constituirá numa séria advertência ao governo. Por outro lado, o interesse popular pelas eleições parlamentares sempre foi relativamente pequeno no nosso país, e para os cargos executivos, nem o povo nem os parlamentares tiveram opção, o ditador foi quem indicou os nomes e as assembleias estaduais obedeceram a sua ordem elegendo-os.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Mas, no entanto, não basta a existência de uma situação objetivamente revolucionária para que haja revolução. Já nos referimos à queda do nível das ações urbanas depois da morte de Marighella, o que tem a dizer a esse respeito?

Joaquim Câmara Ferreira: Isto é absolutamente certo. A morte de Marighella constitui um impacto profundo para nós, mas não fomos os únicos que sofremos golpes. Como consequência o nível das ações baixou sensivelmente, nós mesmos perdemos muita gente depois da morte do “Preto”, como Marighella era carinhosamente chamado pelos combatentes. Temos hoje mais de 200 companheiros de primeira linha presos e existem 3 ou 4 mil revolucionários presos em todo o Brasil. O número exato é difícil de saber porque a polícia não anuncia a prisão nem “comunica à justiça”; entretanto, também é verdade que muitos novos militantes vão surgindo. E por um outro lado a experiência de nós todos é hoje muito maior. Há muita gente desejosa em empunhar o fuzil que escapou das mãos do Che e o trabuco que Marighella usava.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Apareceram manifestos no Brasil, assinados por distintas organizações. Isto significa que já existe uma frente única estruturada entre as forças revolucionárias?

Joaquim Câmara Ferreira: Estas manifestações conjuntas refletem o espírito unitário de algumas organizações: VPR, Movimento Revolucionário Tiradentes, MR-8, Ação Libertadora Nacional. O manifesto em que chamamos o povo a votar nulo nas eleições está aqui, mas não restringimos a isto as ações conjuntas; o assalto ao carro da Brink’s foi uma ação conjunta, inclusive desde o fim do ano vimos realizando toda uma série de ações conjuntas e se, todavia, não existe uma Frente Única Revolucionária, estou convencido de que marchamos nesta direção. Há pequenas diferenças entre estas organizações na maneira de encarar determinados aspectos da luta ou da organização. Mas são diferenças secundárias, estamos convencidos de que o principal é a unidade revolucionária. Também não fechamos a porta desta frente comum a nenhuma organização. Dentro em pouco será possível que outras organizações se juntem a nós para a realização de ações e isto constitui também um importante fator de fortalecimento da esquerda revolucionária brasileira. Da atomização em numerosas organizações passamos a um processo de aglutinação que, certamente, terá importantes consequências para o progresso revolucionário. A reação se dá conta disto e já tentou dizer que esta união é prova de fraqueza, que estamos atuando em conjunto porque nos encontramos tão debilitados que não podemos fazê-lo separadamente; pouco nos importa o que diga a reação; o que é verdade é que já estamos colhendo os frutos muito positivos desta união, muita gente desejosa de colaborar com a revolução se sente agora mais segura.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Está unidade poderá também estender-se as ações no campo?

Joaquim Câmara Ferreira: Nosso desejo é esse e sabemos que esse é também o desejo de companheiros de outras organizações. O campo de treinamento instalado pela VPR, sob o comando do companheiro Lamarca no Vale do Ribeira, por exemplo, recebia elementos de distintas organizações, mas o trabalho no campo é muito mais delicado do que na cidade, e inclusive, pesando-se isto, acreditamos que é possível.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: O que pensa em relação à validade da guerrilha rural? Muita gente hoje acredita que a guerrilha urbana deve ser a principal, particularmente em um país como o Brasil em que cerca da metade da população está concentrada nas cidades. O exemplo dos Tupamaros não constituiria uma demonstração da justeza desta tese?

Joaquim Câmara Ferreira: A nosso ver, e posso admitir que é também o ponto de vista dos companheiros de outras organizações, com as quais vimos atuando conjuntamente, a luta principal no Brasil se dará no campo; podemos realizar grandes ações na cidade e criar enormes dificuldades para as classes dominantes e o governo, porém nelas estaremos sempre em situação de inferioridade em relação às forças armadas do governo; no campo será diferente. Não é difícil criar um grupo guerrilheiro, aqui temos algumas experiências concretas: no ano passado o governo mobilizou cerca de três mil homens das forças armadas, Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Militar, para cercar um grupo revolucionário que havia fugido da penitenciária Lemos de Brito, na Guanabara, e que se encontrava nas imediações de Angra dos Reis no Estado do Rio de Janeiro. Esconderam-se na selva e a repressão só conseguiu agarrar um deles que se acidentou. Uma lição idêntica e muito mais completa e convincente é do campo de treinamento do Vale do Ribeira; com apenas sete homens, pois dois haviam sido presos no começo do cerco, o companheiro Lamarca conseguiu impor duras derrotas aos militares com seus milhares de soldados para lá destacados. De nada serviu o bombardeio da aviação, nem a atemorização da população local; o grupo deslocou-se, mobilizou-se à vontade e acabou chegando em São Paulo em um caminhão do exército. E tratava-se, note-se bem, de um grupo que não estava preparado para uma ação de guerrilha e que, devido à clandestinidade em que vivia, não conhecia suficientemente o terreno.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Isto significa que basta começar a guerrilha no campo?

Joaquim Câmara Ferreira: Não, não, não é assim. Ou melhor, isto não é tão fácil. O começo de uma guerrilha é uma operação bastante delicada. Os aspectos disto já estão exaustivamente estudados para que voltemos a repeti-los. Por outro lado, a ditadura está muito convencida da validade da guerrilha rural e já tomou suas precauções. Só para a zona de selvas, a zona canavieira de Pernambuco, foram encaminhados centenas de informantes dos serviços de inteligência cuja missão consiste em acompanhar de perto as atividades dos trabalhadores e denunciar qualquer coisa suspeita. As transferências de terra são rigorosamente controladas pelos mesmos serviços de espionagem; por isso mesmo acreditamos que a primeira fase da luta no campo deve ser de ações guerrilheiras: pequenos grupos deverão assaltar e queimar os cartórios em que estão registradas a propriedade da terra dos latifundiários, assaltar os armazéns e depósitos de víveres distribuindo-os entre a população, matar gado e distribuí-lo também entre os famintos, e prender, ou em alguns casos executar, os norte-americanos que são proprietários de terra e expulsam os brasileiros de suas propriedades. Realizar ações contra as autoridades mais reacionárias, contra os inimigos do povo trabalhador em geral. A isto chamamos de levar a subversão ao campo. Nosso propósito é precisamente de subverter esta ordem de coisas injustas. Estas ações despertarão a consciência da massa no campo, ali a reação não pode impedir que tais ações se divulguem, porque a propaganda, por exemplo, de boca em boca tem mais força no campo; tais ações treinam os guerrilheiros para a prática e atraem para as nossas fileiras primeiro dezenas, depois centenas e no final milhares de camponeses. O grande guerrilheiro no campo é quem nasce e vive toda sua vida ali, desta fase passaremos à fase de guerrilhas propriamente dita, à criação de um Exército de Libertação Nacional que já poderá enfrentar e derrotar importantes unidades das forças ditatoriais; tudo isso terá que ser conjugado com a intensificação da guerrilha urbana, visando agora criar dificuldades à classe dominante e paralelamente entram em ação os comandos de sabotagem disseminados em todo o país. As ações guerrilheiras encontram um clima propício nos centros de conflitos sociais que pululam no imenso interior do Brasil, o desencadeamento da luta inflamará e despertará a iniciativa revolucionária de milhões de camponeses e ao mesmo tempo oferecerá uma perspectiva concreta de saída revolucionária para as massas urbanas.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Isto significa que, em seu entender os camponeses constituem a principal força da revolução brasileira?

Joaquim Câmara Ferreira: Os camponeses são, por suas condições de vida, por sua adaptabilidade à guerrilha rural, uma força importantíssima e numericamente mais importante. Entretanto o proletariado tem um papel principal; foram representantes da consciência de classe do proletariado os que elaboram a estratégia de nossa luta, partindo dos interesses gerais do proletariado que se confunde com os de todo o povo. Não importa que a grande maioria da classe operária tenha enormes dificuldades para atuar hoje nas fábricas e nos centros urbanos; são seus interesses gerais que determinam a política geral dos grupos revolucionários. O proletariado dos grandes centros também será chamado a dar sua palavra quando o processo revolucionário estiver mais avançado e quando estiver na ordem do dia a derrota imediata da ditadura. Neste instante através de greves e manifestações, juntamente com os estudantes e com as massas empobrecidas das cidades, o proletariado dará o golpe mortal na reação.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: A vitória eleitoral de Allende no Chile, não constitui uma contrariedade à tese de que os revolucionários só podem chegar ao poder pelas armas?

Joaquim Câmara Ferreira: Os círculos reformistas brasileiros pretendem tomar como lição este tipo de vitória eleitoral de Allende. Esquecem-se, entretanto, de que Allende foi eleito em circunstâncias diferentes das reinantes no Brasil. O relativo equilíbrio de forças naquele país permitiu que se apresentasse como candidato o senador do Partido Socialista com um programa revolucionário, sua vitória foi o resulto da decepção do povo chileno com as pretensas reformas de Frei. É certo, entretanto, que a conspiração reacionária existe, os círculos reacionários brasileiros defendem e pregam abertamente esta conspiração; confiamos, entretanto, que Allende suba ao poder, para daí desfazer as maquinações. Para isto terá o apoio massivo do povo chileno que saberá repelir uma tentativa de repetir São Domingos. Washington verá desencadear-se em todo o continente uma guerra revolucionária antiamericana se isto for tentado. Provocarão com este ato um incêndio de proporções tais que nele se consumirá o ex-gendarme do mundo, sofrerão uma derrota tão séria como as que estão sofrendo no Vietnã.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: O governo brasileiro afirma no exterior que as notícias de torturas aos presos políticos são falsas. O que tem a dizer a este respeito?

Joaquim Câmara Ferreira: O governo brasileiro institucionalizou a tortura e o assassinato de presos políticos através de suas centrais repressivas como o CODI na Guanabara e a OBAN em São Paulo, criadas e controladas diretamente pelo comando do exército. Desde 1964 há torturas horríveis que em certas épocas determinaram a demissão de um dos responsáveis pela segurança nacional, um general justamente no momento em que seu filho foi detido em Recife pode confirmar tudo o que se dizia. De lá para cá, os desmentidos são tão mais categóricos quanto mais violentas são as torturas. A lista de revolucionários assassinados a sangue frio já é enorme, recordemos apenas os últimos, citaremos os nomes de Chael Charles Schreier, estudante de medicina, assassinado na Guanabara; de Virgílio Gomes da Silva, operário assassinado em São Paulo; todos estes fatos são públicos e notórios, particularmente os assassinatos de Chael e Hansen; quanto a Virgílio, quando recentemente se fez o julgamento do grupo em que foi preso deixou os juízes surpreendidos: está vivo ou morto? Condenaram-no após reconhecer que estava morto. A esposa de Virgílio, Hilda, esteve presa nove meses e logo foi liberada sem que nenhum juiz tomasse conhecimento disto. E também muito frequente há prisão seguida de torturas inimagináveis de pessoas que logo soltam, porque a própria reação verifica que houve um erro. O governo através da palavra do ditador e do ministro da justiça prometem investigar estes fatos, mas ficam sempre em conversas, pois os responsáveis diretos são os comandantes do exército e seus lugar-tenentes.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: São verdadeiras as circunstâncias em que morreu Marighella divulgadas pela polícia?

Joaquim Câmara Ferreira: Pelo que sabemos corresponde em grande parte a verdade, mas o fato de que Marighella tinha consigo um grupo de segurança é um pouco duvidoso. Ele sempre andava sozinho; quem matou a um policial, quem feriu um delegado e assassinou um transeunte, foram os elementos da própria polícia, que aterrorizada com presença de Marighella, atirou em todas as direções.

Prensa Latina/Pensamiento Crítico: Deseja dizer alguma coisa mais?

Joaquim Câmara Ferreira: Que estamos profundamente reconhecidos à solidariedade internacional que temos recebido de Cuba e da Argélia, que hospedaram os ex-prisioneiros políticos brasileiros arrancados do cárcere pela força dos sequestros ou que simplesmente se asilaram aí. Ao povo de toda a América Latina e do mundo inteiro cujos protestos vem impondo ao governo brasileiro constantes explicações a respeito das torturas e ilegalidades no Brasil. Por outro lado, estamos firmemente convencidos de que nossa luta contra o imperialismo norte-americano e a oligarquia é uma contribuição positiva à causa de todos os povos do mundo; liquidar o imperialismo norte-americano, gendarme do mundo e erigir sobre a face da terra um regime de bem-estar para os povos.

[1] Entrevista de Joaquim Câmara Ferreira, o Comandante Toledo, ou “Velho”, por seu codinome guerrilheiro, publicada no livro “Minimanual do Guerrilheiro Urbano e Textos da ALN” (2021, 340 págs.). Foi concedida em outubro de 1970 e publicada em Cuba após seu assassinato pela ditadura militar brasileira no dia 23 daquele mesmo ano e mês. A versão integral que reproduzimos aqui foi publicada em espanhol pela revista cubana Pensamento Crítico, nº 46, de novembro de 1970, com a seguinte nota: “Em 23 de outubro foi assassinado em condições ainda não esclarecidas, o companheiro Joaquim Câmara Ferreira, sucessor de Carlos Marighella na Ação Libertadora Nacional. Pouco antes de sua morte concedeu esta entrevista em que ratifica a continuidade de uma linha de luta e combate”. Uma versão mais sintética da mesma entrevista foi publicada, também, pela agência cubana Prensa Latina, assinada pelo jornalista Luís dos Santos, com a seguinte nota: “Ex-dirigente do PCB, Joaquim Câmara Ferreira se rebela contra a política de Prestes e abandona o partido para fundar, pouco depois a ALN, juntamente com Carlos Marighella. Em fins do último ano, assume a chefia do movimento, responsabilidade que exerce até 23 de outubro último, data está em que morre assassinado pela polícia política de São Paulo (DEOPS). Esta recente entrevista que publicanos será, pois, a última efetuada por este destacado dirigente revolucionário.” As duas versões da entrevista foram traduzidas pela ALN em 1971, com as versões originais utilizadas aqui a partir do Arquivo BNM (nº 12 e 224).   

Versão digitalizada integral da Revista Pensamiento Crítico nº 46, disponibilizada pelo portal America Lee do Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas – CeDInCI.  

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