Massacre da Granja São Bento: uma chacina da ditadura contra a VPR

Entre os dias 7 e 8 de janeiro de 1973, seis guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR, seriam sequestrados, torturados e executados pela ditadura militar fascista em Pernambuco. Seus corpos foram encontrados crivados de balas nas proximidades da chácara São Bento, em Paulista, na grande Recife, no dia 9. O Massacre da Granja São Bento, como ficou conhecido, foi uma operação para aniquilar a VPR, articulada entre a repressão e o famigerado “cabo Anselmo”, José Anselmo dos Santos, um agente duplo infiltrado na esquerda armada e “cachorro” do facínora e sanguinário delegado Sérgio Paranhos Fleury.

As vítimas da chacina foram Eudaldo Gomes, Soledad Barrett Viedma, Evaldo Luiz, Pauline Reichstul, José Manoel e Jarbas Marques. Soledad, paraguaia e neta do renomado escritor anarquista Rafael Barrett, estava gravida do próprio cabo Anselmo. O delator, ex-militar que havia sido um dos líderes da Revolta dos Marinheiros de 1964, havia se exilado em Cuba onde desenvolveu contatos e voltou para o Brasil em 1970, se tornando um agente duplo infiltrado na VPR. Preso em 1971 e logo liberado, sua colaboração com a repressão seria confirmada por Inês Etienne, comandante da VPR, mas mesmo assim partiu para o Chile onde a organização se rearticulava no exílio e conseguiu a confiança de Onofre Pinto, dirigente da VPR, além de dinheiro para retomar a luta armada no Nordeste.

Convencido da infiltração de Anselmo por outra comandante da VPR, Maria do Carmo Brito, Onofre envia a mensagem para o justiçamento do agente duplo, mas era tarde demais. O “cachorro” de Fleury, conseguiria armar a emboscada para assassinar os militantes da organização.

A VPR foi uma das mais importantes organizações da luta armada no Brasil, formada por ex-militares do MNR e militantes da POLOP, foi responsável por parte das principais ações armadas contra o regime. Após a fusão com o COLINA, dando origem a VAR-Palmares, um setor liderado pelo capitão Carlos Lamarca decide romper com a VAR e refundar a VPR. Em 1974, Onofre Pinto e outros 5 militantes também seriam assassinados após tentar voltar ao Brasil e a organização chegaria ao seu fim.

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