Luís Antônio Santa Bárbara, presente!

Em 28 de agosto de 1971 caia o “estudante da guerrilha”. Luís Antônio Santa Bárbara foi assassinado pela ditadura no Buriti Cristalino, em Brotas de Macaúbas, no sertão baiano, dentro da casa de José Barreto, pai dos militantes Zequinha, Otoniel e Olderico. O assassinato aconteceu após um grande cerco montado pelos organismos de repressão da ditadura militar fascist, a Operação Pajussara, para assassinar o capitão Carlos Lamarca e seus companheiros do Movimento Revolucionário – 8 de Outubro, o MR-8.

O “professor Roberto”, como era conhecido na região onde o MR-8 pretendia construir uma base para a guerrilha rural, iniciou sua militância no movimento estudantil de Feira de Santana, participando da construção dos grêmios estudantis do Colégio Municipal e do Colégio Estadual. Trabalhou como tipógrafo na Gazeta do Povo e em 1967 passou a militar na Dissidência do PCB, em março de 1969 foi preso em frente ao Colégio Estadual e torturado por vários dias no 35° Batalhão de Infantaria (35-BI). Do movimento estudantil, Santa Bárbara passou à luta armada, do PCB ao MR-8.

Foi o primeiro a ser deslocado pela organização para a região do Buriti Cristalino e assumiu a tarefa de formar uma escola de alfabetização no povoado, onde poucos sabiam ler. Todas as tardes a casa de José Barreto se enchia de gente para ouvir o professor Roberto. A saga de Luís Antônio foi retratada por Ruy Cerqueira, no livro “Santa Barbara – O estudante da guerrilha”, publicado em 2004 de forma independente.

A fictícia versão oficial diz que Santa Bárbara suicidou-se. Porém, a arma recolhida com ele era um revólver calibre 32 e as balas que o mataram saíram de um calibre 38. Outra contradição está no próprio documento da Polícia Federal na Bahia, onde se afirma que Otoniel e Santa Bárbara foram “abatidos (…) quando reagiram à bala contra a equipe encarregada de capturá-los”. É mais um caso de assassinato que a repressão apresenta como suicídio.

Em 2004 a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, aprovou uma indenização à família baseada na Medida Provisória nº 176, depois transformada em lei, como sendo um caso de “suicídio forçado”.

Santa Bárbara foi mais um lutador do povo assassinado pelas mãos ensanguentadas do Estado brasileiro. Um militante exemplar que dedicou sua vida a causa do povo e morreu por ela.

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